Sempre que se decide debater determinado tema, é importante que se estabeleçam alguns conceitos-chave, a fim de que todos os debatedores possam saber exatamente do que os demais estão falando. Também é importante que seja contextualizada a discussão, a fim de se tenha consciência do âmbito da discussão.

Este artigo delimita a discussão quanto aos usuários de computadores, naqueles que adquirem um computador (primeiro ou não) com uma distribuição Linux instalada ou com as mídias necessárias à sua instalação. quanto ao contexto tecnológico, este texto se situa no âmbito da utilização de computadores pessoais, seja por usuários domésticos, seja por usuários empresariais, exceto a utilização como servidores.

Como conceitos-chave para a discussão deste texto, são definidos à seguir os conceitos de sistema operacional, programas, distribuição e usuários iniciantes.

Programas de computador são, para fins deste artigo, qualquer conjunto de instruções capazes de, com ou sem fornecimento de entradas, provocarem algum tipo de saída (texto, imagens, sons, eventos, etc).

O conceito de sistema operacional é composto por dois outros sub-conceitos: o de sistema e o de operação.

Sistema é todo conjunto de elementos inter-dependentes e interrelacionados que atuam de formas distintas, porém com um objetivo em comum.

Já operação, pressupões e capacidade de se executar determinadas tarefas, com ou sem utilização de entradas, porém, obrigatoriamente com uma saída (de dados, eventos ou saídas físicas).

Assim, sistema operacional (dentro do contexto tecnológico fornecido acima), é um conjunto de programas de computador capaz de possibilitar que um usuário utilize os recursos de hardware presentes no computador.

Usuários iniciantes são aqueles que nunca utilizaram determinado sistema ou que, embora o tenham utilizado, nunca o tenham instalado/configurado.

Propositalmente, deixei para o final o conceito de distribuição, pois o mesmo é o foco deste artigo.

Inicialmente, "Uma Distribuição Linux (ou simplesmente distro) é composta do kernel do Linux e mais uma série de aplicativos com vários propósitos" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_Linux).

Contudo, na prática, podemos dividir as distros em dois grandes grupos: as distribuições primárias e as derivadas.

Distribuições primárias são as que se originam de um trabalho de união entre o kernel e os demais pacotes de aplicativos, tal como aconteceu com Debian, Red Hat, SuSE, Mandrake e Slackware, chamadas neste texto de as 5 grandes distros.

As distribuições derivadas, embora possam ser resultado de um extenso trabalho, são, contudo, baseadas em uma das 5 grandes distros, tal como o Knoppix, o Kurumin, o Ubuntu, etc.

Note-se que não pretendo desmerecer as distros derivadas, mas apenas diferenciá-las no que diz respeito à sua maneira de desenvolvimento.

Ainda existem aquilo que eu chamo de remake, que são aquelas pseudo-distribuições que nada mais são do que uma distro derivada com papel de parede diferente, temas visuais modificados e alguns scripts de automação (prefiro não citar exemplos).

Estes remakes podem ter origem em dois tipos de "desenvolvedores": o primeiro é aquele usuário que tem conhecimento intermediário de Linux e que, ingenuamente, cria essa "distro", sem sequer ter idéia do que é uma distro realmente. o segundo tipo são usuários, porém geralmente empresas que se utilizam de forma parasita do trabalho de outros "criando" uma "distro" exclusivamente com fins comerciais. Estes são os vermes que a comunidade precisa combater.

Tendo definido os conceitos fundamentais, partimos, então, para a abordagem do tema principal do artigo: o impacto que as distribuições têm nos usuários iniciantes que as adquirem pré-instaladas na compra de computadores.