Trata-se da descrição de algumas impressões e idéias a respeito do uso de Linux na administração pública de esfera municipal. Tais conclusões foram tiradas após minha ida ao encontro "Informática para as Prefeituras", realizado nos dias 21 e 22 de Janeiro/2005.
Nos dias 21 e 22 de Fevereiro estive em Londrina/PR para o encontro
"Informática para as Prefeituras", que visava a apresentação de
alternativas livres para o gerenciamento público, com programas no
setor de contabilidade, arrecadação de tributos, recursos humanos,
IPTU, etc. Tivemos palestras com representantes de CELEPAR (Companhia
de Informática do Paraná) e da prefeitura de Rio das Ostras, no
Estado do Rio de Janeiro, que se tornou um exemplo nacional de
migração para software livre na área pública.
Muito bem, todos sabemos o quanto o governo federal está empenhado na
tarefa de apoiar o software livre, tanto é que a única solução aplicável
a curto prazo apresentada para gestão pública partiu da SERPRO (Serviço
Federal de Processamento de Dados), tratando-se de um gerenciador em
interface web, escrito em Java, idealizado para acesso remoto a partir
de qualquer plataforma e que provavelmente estará disponível a partir
de Junho do presente ano.
Outra belíssima novidade foi a proposta da criação de consórcio entre
as prefeituras interessadas, para que se possam criar soluções livres
em parceria, dividindo assim os gastos e somando os conhecimentos
adquiridos (uma solução bem a estilo da comunidade GNU/Linux).
[1] Comentário enviado por morvan em 09/02/2005 - 01:12h
Parabéns pelo artigo, caro gnu. De fato, o software livre está tendo, em nosso País, uma valorização por todos da esfera pública que adotam um pensamento mais nacional, mesmo que exista um partido (PFL) que já tenha tido o desplante de processar o Poder Público, justamente por essa tomada de consciência em prol do S. L. Nós, que somos os formadores de opinião - no sentido mais tecnológico do termo - não podemos arrefecer! Temos que continuar pugnando pelo S. L. Afinal, dinheiro público deve ser prioritariamente destinado às necessidades do povo (Saúde e Educação, por exemplo).
Um abraço.
[2] Comentário enviado por removido em 09/02/2005 - 12:55h
Bonitas palavras do nosso kerido Morvan mas gostaria de dar minha visão pessoal.
Trabalho numa instituição pública e estão pensando na adoção do linux como motivo de "economia" e sair das cópias não autorizadas instaladas. Fui consultado e, ao fazer uma análise do que tinha, constatei que teríamos gdes problemas para utilizar informações de banco de dados baseados em excell e acssess (desculpem a grafia).
Temos um sistema de controle baseado num programa muito antigo que roda em clipper.
Bem, como prestamos conta a diversas instituições públicas a nível municipal, estadual e federal, esses dados são vitais.
Como implementar isso???
Aí eu vejo como as empresas poderiam criar serviços de migração, tipo: "clipper para linux" ou o próprio governo criar as ferramentas necessárias ao uso das instituições etc...
Trabalhamos com bancos de dados que podem ser facilmente portados mas quem faria isso???
Ou seja, num primeiro momento, teria condições apenas de migrar as estações de trabalho comuns para edição de texto e realizar os trabalhos na planilha do OO, por exemplo..., daqui para frente.
A realidade é bem diferente da vontade...
Ocupar o espaço do SP não será uma tarefa fácil e quem fornecerá as ferramentas necessárias ???
Tem aqui no VOL algum militar que tenha acesso ao linux que as forças armadas estão desenvolvendo para uso próprio??? Poderi adar suas impressões???
Acho que poderíamos discutir mais esses assuntos...
Tenho um colega que está dirigindo um hospital militar no Sul - não me lembro agora (acho que em santa maria) - e analisou positivamente o kurumin e vai indicá-lo para uso na instituição...
Não sei o que ele vasi fazer com informações classificadas em bancos de daods, por exemplo...
[3] Comentário enviado por morvan em 09/02/2005 - 16:57h
Não é tão difícil assim, acvsilva; no caso daquelas aplicações que não podem [ainda] ser migradas, podemos usar uma rede mista e, na máquina onde se encontra o aplicativo, proceder às configurações de permissões; a migração em sí não é tão difícil, pois os BD´s em Clipper são, via de regra, não relacionais, o que significa que há menos objetos a serem manipulados - são - às vezes - tabelas e forms com nomes de BD.
Continuo a achar que o grande empecilho está na vontade política dos nossos dirigentes.
[4] Comentário enviado por rogeriofox em 09/02/2005 - 19:20h
Não é complicado mesmo! É trabalhoso. Mas quem defende o S.L. tem que arregaçar as mangas e colocar a mão na massa. Existe solução pra tudo. Sou diretor de Informática de uma Prefeitura Municipal do interior de Mato Grosso e minha meta é estar rodando 100% linux, distribuição Debian CDD-BR em 6 meses. Já utilizamos o OpenOffice e Mozilla FireFox e Thunderbird e adaptação foi execelente e todo mundo aprovou o openoffice no lugar do similar proprietário. Tem usuário que gostou mais do OpenOffice e já instalou até em suas casas. Nosso vínculo estava apenas no software de gestão pública. Só pra arrematar a empresa desse software já tem opção pra Linux. É tudo q precisava para migração total de plataforma. Temos q dar um chute inicial e fazer funcionar. E acredito que seremos modelo em nosso estado. Não existirá nem cheiro de software proprietário nem na prefeitura, nem nas escolas municipais e projetos desenvolvidos por nós. Concordo com morvan em gênero, número e grau. Somos capacitados, somos LINUXERS!!! VIVA A COMUNIDADE LINUX....
[5] Comentário enviado por gnu em 09/02/2005 - 22:32h
Muito interessante! Espero que tudo dê certo! Mas me responda uma coisa: como vocês vão fazer com os softwares que vem do governo federal? E com os programas do tribunal de contas? (esses são meus problemas aqui).
[6] Comentário enviado por birilo em 09/02/2005 - 22:37h
Olá...
Vi que você citou a CELEPAR.... Atualmente estou estagiando lá, e a cituação é a seguinte...
Foi desenvolvida pela CELEPAR uma distro baseada no Kurumin, chamada Latinux. Já vem quase toda configurada, com os principais aplicativos instalados. O único aplicativo proprietário nessas máquinas é o Notes, que rodamos via WINE, porque é mais difícil de substituir, mas os outros são baseados em soluções livres.
Mas nem tudo são flores:
A Maioria das máquinas ainda rodam Dualboot, algumas pessoas ainda tem resistência com a utilização do FireFox e OpenOffice, mesmo eles sendo instalados também no Windows. Infelizmente ainda gastamos dinheiro com 10 mil licenças de um certo Antivírus, oq não seria necessário se o linux fosse adotado como padrão nas máquinas.
Creio que a maior dificuldade de adotar Linux nas máquinas do estado não está relacionada à questões técnicas, mas sim nos usuários q tem medo de mudar.
As questões técnicas, creio q seja de resolução mais fácil... =)
[7] Comentário enviado por morvan em 09/02/2005 - 23:03h
Cada um de nós tem exemplos sobejos, quer sejam de migrações bem ou mal-sucedidas, quer sejam de pontos ainda não resolvidos. Mas o cerne da questão é que temos que agir com firmeza; não adianta esperar para ver. Até porque, em havendo troca de comando, em nível de Governo Federal, principalmente, sabe-se que haverá um rotundo revertério, pois o pessoal do PSDB, do PMDB e de outros Partidos "Right Wings" não é nem um pouquinho favorável ao S. L. Pelo contrário - lembrem-se de que os meliantes do PFL acionaram o Estado brasileiro! Não sou de Partido A ou B. Não tenho filiação partidária. por favor! Apenas é forçoso reconhecer que o Partido dos Trabalhadores é o grande mentor desta tomada de consciência em prol do Software Livre, além de nós, é claro, que formamos opinião técnica. Então, senhores e senhoras, é preciso urgência. Não adianta ficarmos só divagando sobre esta questão! Reitero que o grande problema está na falta de comprometimento dos dirigentes públicos, como falei anteriormente. Nós, técnicos, temos um grande dever a cumprir: mostrar o porquê e tentar mudar. Se nos omitimos, o medo vence. Se trabalharmos desde já, eles não ousarão mexer nas conquistas que obtivermos.
[9] Comentário enviado por gnu em 10/02/2005 - 08:20h
esse eh pro birilo: primeiramente muito obrigado pela sua contribuição de comentário em meu artigo! Você sabe alguma coisa sobre o Tribunal de Contas do Estado do Paraná? Será que eles pensam em algum dia migrar os odiosos SIM-AM, SIM-PCA e SIM-ATOS? Pergunto porque vc disse que estagia na CELEPAR e acredito que tenha acesso a este tipo de informação.Ah, e a respeito do sistema de gestão do SERPRO, você teria alguma informação adicional e mais precisa do que aquilo que foi tratado em Londrina?
[11] Comentário enviado por rogeriofox em 10/02/2005 - 11:03h
Nós do TI temos q de certa maneira impor a condição de operação aos usuários para que possamos fazer alavancar o S.L. no governo. Mas para isso precisamos dar condições à esses usuários através de treinamento e suporte. É o q tem acontecido aqui em nossa prefeitura... A aceitação pelo FireFox e OpenOffice foi tremenda, mas houve um papo bem direto e sério com as seguintes opções. Ou mudamos ou mudamos... Democracia neste ponto não resolve. Mas devemos ter em mente o seguinte: se vc impõe uma meta vc tem quer dar condições para sua realização, e quando digo condições é tudo que tiver ao alcance deve ser feito. Por isso q digo: "Não é difícil e sim trabalhoso. Mas vale a pena ver tudo funcionando. No fim o trabalho é compensado." Temos que lutar diretamente contra a política do software proprietário e evitar que esses partidos continuem vendendo nosso país. Até parece q são comprados por essas empresas de software proprietário!!! Somos revolucionários da computação em busca de um Brasil independente tecnologicamente, e isso vai acontecer somente com o software livre, porque devemos dizer não aos interesses anti-desenvolvimento dos estrangeiros e que na grande maioria são os americanos com a política mascarada deles. Sou brasileiro com muito orgulho e o melhor de nosso país realmente somos nós, os brasileiros. Somos os mais capacitados, inteligentes, criativos, perseverantes. Viva aos Linuxers Brasileiros!!!
Por isso devemos fazer o que for preciso para atingirmos nosso objetivos ao que tange à implementação do Linux e de preferência uma disto brasileira ou com brasileiros envolvidos nelas. Sejam Kurumin, Debian CDD-BR... É nosso. Temos que fazer uma campanha de popularização dos mesmos. A dificuldade está na cabeça de cada um... Me deixo à disposição para continuarmos essa discussão. Precisamos fortalecer nosso movimento...
[12] Comentário enviado por gnu em 10/02/2005 - 11:49h
Mas ocorre que temos problemas que até o momento não dependem apenas de nós. Os programas do tribunal de contas são um exemplo. Mas não paremos ai: o próprio "Cadastramento Único" , do governo federal roda apenas em SP. O programa de alistamento do exército roda apenas em SP, o programa de Carteira de Trabalho, adivinhe, só roda em SP. Ocorre, então, que como temos um parque de máquinas pequeno, praticamente cada máquina roda uma espécie de software imprescindível (geralmente oriundo do governo) que necessita SP para rodar... Aí fica realmente difícil. Já implante linux no gateway ( que ficou realmente uma beleza, e vou implantar um servidor http+smtp+pop3+antivírus+intranet+arquivos+squid+sarge+controle de banda (cbq), tudo em linux. E tenho também um servidor widows 2000 como servidor de sistemas (que só rodam em SP que vou ter que manter)... Mas saindo da área de servidores tah difícil o processo. Alguém tem dicas?
[13] Comentário enviado por imhotep em 13/02/2005 - 17:49h
A Prefeitura de Belo Horizonte está adotando o Fedora como base e alguns aplicativos como OpenOffice, ClamAntiVirus, dentre outros como opção opensource.
Também, apesar ainda do extenso uso do Windows, a UFMG vem adotando gradativamente já há algum tempo a suite OpenOffice em troca ao MS Office e aos poucos, pelo menos nas máquinas administrativas, vem adotando o Fedora e o Kurumin, dentre outras distribuições como base.
[14] Comentário enviado por gnu em 14/02/2005 - 18:04h
Sim, o uso de aplicativos livres realmente é um bom começo... mas realmente me dá agonia ter que manter software proprietário por conta de alguns programas que, por seu caráter (são programas que somos OBRIGADOS a ter e rodar) deveriam apresentar opção entre livre o proprietário, ou melhor ainda, deveriam ser escritos em linguagem multiplataforma... Por isso, acho que estamos começando uma migração às avessas. Não temos como migrar o sistema operacional se os aplicativos essenciais são todos proprietários.
[15] Comentário enviado por carlosbeda em 28/02/2005 - 10:29h
Eu tenho como implementar solucoes que permitem executar sistemas em Clipper em ambiente linux... quanto aos tribunais e softwares de auditoria, a grande maioria recebe os dados em forma de arquivo txt, nao seria problema manter uma unica cpu com sistema operacional proprietario para executa-los....
[16] Comentário enviado por gnu em 28/02/2005 - 11:27h
executar sistemas em clipper é baba com o já famoso DOSEMU... mas o duro é que os sistemas do governo não são em clipper.. são em delphi ou ainda no odioso VB...e os softwares de gestão ... outro problema ( se bem que para esse, pelo jeito, logo teremos solução) o jeito é aguardar...