franck1
(usa Outra)
Enviado em 04/11/2007 - 01:16h
Um stalinismo capitalista e global: e você ajuda a mantê-lo
Imagine que todas as informações contidas nos computadores de centenas de milhares de pessoas e empresas em todo o mundo possam, fácil e ocultamente, ser acessadas, bloqueadas ou mesmo sabotadas por uma única empresa. Imagine que o "espírito" dos computadores, conhecido como sistema operacional, seja submetido, há mais de um decênio, ao monopólio de um produto instável, inseguro, caro e, sobretudo, cujo codigo-fonte não é aberto aos desinformados consumidores (seria algo como ingerir um alimento sem qualquer garantia de que ali não há substancias tóxicas, o que, permitam-me o dogmatismo, macula o direito à informação conferido a consumidores nos ordenamentos jurídicos de todas as nações civilizadas). Imagine que a referida companhia, periodicamente, impõe a seus pouco esclarecidos clientes a troca do sistema, o que implica gastos elevados com máquinas de alto desempenho, desnecessárias em tudo, senão para atender às relações, digamos, amigáveis entre a empresa que produz o "espírito" dos computadores e a indústria que fabrica seus "corpos", aqui definidos como hardwares. É curioso como, em todo o mundo, as pessoas se submetem ao controle da informação, ao monopólio, à venda casada (tácita, é verdade) e ao arbítrio, sem, ao menos, darem-se ao trabalho de procurar por alternativas.
Ora, não era a cultura liberal que nos ensinava a agirmos de modo autônomo, racional e crítico? Como podemos, todos, acatar o controle global da informação por uma única empresa sem, ao menos, testarmos alternativas a tal tirania? Sou obrigado a hiperbolizar meu argumento: todo usuário microsoft que sequer experimentou um sistema operacional diferente do windows é um escravo voluntário da tirania monopolista e, por seu comodismo, permite que as novas tecnologias da informação nunca cumpram suas promessas emancipatórias. Contribuiu, ademais, para a degradação ambiental concernente no descarte e produção de equipamentos de que você não precisaria para executar as mesmas tarefas que realiza em seu sistema proprietário, caso se utilizasse de um sistema operacional de código aberto. Todo aquele que corre às lojas em busca da última versão de um sistema operacional que fatalmente o conduzirá a investir dinheiro e danificar o planeta com a aquisição de novo hardware é responsável pela concentração de poder e informação hoje ocorrente globalmente.
Antes de criticarmos o stalinismo já derrotado, seria razoável discutirmos nossa voluntária submissão a um monopólio que controla informação e concentra recursos globalmente hoje.
Vá ao elo à direita e, ao menos, seja coerente com esse liberalismo cretino e capenga de nossos dias, ao instalar um sistema operacional mais seguro, estável, leve e, sobretudo, honesto do que o produto que, sem discutir, você usa. Tenho certeza de que com uma semana de uso do linux, você se questionará: ora, como pude, eu, contribuir para aquele monopólio por tanto tempo...?
A propósito, você, viciado na dominação monopolista, não fique preocupado com a crise de abstinência. Idiotices como arquivos .doc, .pps e toda a tralha que você executa no programa fechado e controlado da companhia particular funcionam, perfeitamente, em ambiente linux. A distribuição sugerida ao lado, ademais, é de uso mais simples e intuitivo do que o sistema operacional a que você se habituou, de modo que não serão necessários mais do que três minutos para se adaptar.
Finalmente, quanto à qualidade do "produto", atente-se para os dois argumentos adiante desenvolvidos.
I-
O que seria melhor: a) um sistema desenvolvido por alguns técnicos que trabalham cerca de dez horas diárias ou; b) outro sistema, permanentemente alterado e desenvolvido por milhares de pessoas, com aptidão nas mais distintas disciplinas, em grau de permanenente colaboração e sem segredos ou reservas estratégicas?
II-
Do mesmo modo, o que seria melhor: a) um sistema operacional que pode ser adaptado à sua (liberalzinho!!!) demanda particular, ou; b) aquele que é produzido em massa, do mesmo modo (ou em ridículas seis versões), como se todos os usuários de computador tivessem o mesmo perfil?
Mude para o Linux. É o sistema operacional que realiza faticamente a concepção de que autonomia privada (direito de escolha, respeito às particularidades e diferenças, sigilo de dados...) e autonomia pública (construção coletiva, abertura de informações técnicas e livre acesso) se pressupõem mutuamente, como já nos ensinou Habermas.