A ideia por trás do dinheiro era simplesmente genial.
A criação de um sistema monetário para representar a abstrata ideia do valor das mercadorias e serviços revolucionou para sempre a economia, levando por terra o escambo e agilizando o comércio.
Então, a burrice humana entrou na equação. Em pouco tempo, o dinheiro revelou o lado mais podre da humanidade: prostituição, guerras, consumismo exacerbado, depredação da natureza... Tudo vale para conseguir cada vez mais e mais capital. Talvez a humanidade estivesse melhor sem essa invenção.
O valor monetário já é algo tão intrínseco à nossa sociedade que fica difícil nos imaginarmos sem ele.
Mas a culpa não é do dinheiro. O dinheiro, em si, é apenas uma ferramenta e, assim sendo, não é responsável pelo o que o usuário fará com ela. Sem sua existência, talvez as coisas movessem-se mais devagar, mas resultado final seria o mesmo.
A internet também é, por si só, apenas uma ferramenta; não adianta tentar relegar à ela papel como nova "emburrecedora" ou "alienadora" da sociedade. Seus efeitos dependem exclusivamente de como o usuário a utiliza. Ela, por si só, não deixará ninguém mais burro ou inteligente. No máximo, ela acelera o processo de crescimento (ou auto-destruição) da pessoa, já que o fluxo de informações nela é extremamente veloz. Mas ela não dita normas nem tem uma entidade poderosa controlando-a (pelo menos não até o Google comprá-la). É o usuário que escolhe se a usará para aumentar seu conhecimento ou desperdiçar tempo baixando pornografia.
Os geeks parecem não se conformar com isso e, ao verem a rede ser invadida por pessoas sem o mínimo de etiqueta virtual, vêm a web como um reino da ignorância. É compreensível, afinal, no começo, a internet não era acessada pela grande massa, sendo usada principalmente em universidades e institutos de pesquisa. Sua popularização é recente, ainda que veloz.
O que o geek e usuários avançados têm que perceber é que a web ultrapassou os limites da informática e ciência da computação. Ela não é mais um experimento ou ferramenta acadêmica. Sua evolução é tamanha que o usuário não precisa saber muito sobre computadores para usá-la, quanto mais sistemas operacionais ou programação. Afinal, se ele está usando Windows,
Linux, BSD, Mac OS ou Android, terá acesso aos mesmos sites e serviços pela internet. A plataforma é indiferente e, com a evolução da "nuvem digital", até mesmo o terminal torna-se um mero coadjuvante.
Assim sendo, não há porque esperar do web-usuário comum qualquer conhecimento além do básico sobre computação. A culpa não é da internet, simplesmente porque ela não foi feita para ensinar qualquer coisa a qualquer pessoa.
A internet é simplesmente uma rede de computadores: sua função é conectar usuários, e o que quer que aconteça nela é resultado do que eles fazem, seja isto benéfico ou não.