O ano é 2008 e eu estou entrando em contato com uma jovem e agitada lista de discussão sobre software livre, o grupo do Google SLOG (Software Livre Oeste Goiano), esse pessoal ia realizar um evento na cidade de Iporá/GO com mini-cursos e palestras e eu pensei, não posso ficar fora disso, preciso ir nesse evento.
A cidade ficava a 120 km de onde eu morava, então assim que terminou meu expediente na sexta-feira, montei em minha moto (honda biz c100) e fui estrada a fora. Faltando aproximadamente 3 km para chegar na cidade, acaba a gasolina de minha moto, vou eu empurrando-a até chegar na cidade, suado, cansado e com pressa. Resultado: 45 minutos de atraso para a abertura do evento, mas ainda consegui ouvir duas palestras e uma delas fez a total diferença em minha vida de software livre, um matemático dinamarquês falando sobre ética no mundo do software, software colaborativo.
Aquilo me contagiou, eu gostei muito e entendi mais profundamente o motivo do software livre, então me tornei realmente um ativista e comecei a colaborar na lista, ajudando ou tentando ajudar quem tivesse dúvidas sobre algo que eu conhecia. Me lembro de um cara na nossa lista que tinha sérios problemas e tinha as dúvidas estranhas, coisas como querer instalar o Delphi no console ou mesmo rodar scripts PHP sem estar num ambiente web, foi então que o administrador da lista entrou em contato comigo e me convidou para ajudar na moderação da lista. Eu prontamente aceitei a oferta e comecei a ajudar, uma reunião foi marcada e conheci o administrador que tinha me promovido dentro do grupo.
Nos tornamos amigos e chegamos a mais um evento, mas dessa vez não era feito por nós e sim pelo pessoal de Goiânia/GO. Esse evento foi o /dev/net, para desenvolvedores e administradores de rede. Combinei com meu professor, o mesmo que deu o curso de
Linux, de irmos no carro dele. Marcamos o horário 5:00 da manhã, então meu celular não despertou e acordei alguns minutos mais tarde com o meu professor ligando dizendo: "vamos rapaz, ainda esta dormindo?". E eu respondo não, já estou chegando, me aprontei em velocidade, montei na moto e fui correndo para a casa do professor e novamente a vida me surpreendeu, minha moto apagou a uns 100 metros da casa dele, me obrigando a subir empurrando até a porta. Ao chegar perto escuto a seguinte pergunta: "Sua moto trabalha para o Bill Gates?".
Entramos no carro e fomos à Goiânia, onde pude participar de várias palestras e tive a oportunidade de conhecer o Hudson Figueredo, criador do
pQui Linux. Foi tudo muito bom mesmo e no final ainda ganhei duas camisetas, uma do PHP e a outra do Slackware. Aprendi a amar ainda mais os eventos de software livre e o ativismo e depois do evento ainda teve uma passada em um bar onde o pessoal falou de coisas variadas, mas software livre ainda era o assunto chave.
Comecei a discutir distro na lista que eu participava e sempre o pessoal vinha raivoso quando eu afirmava que Slackware era superior. A briga estava pronta e eu gostava disso, pois me fazia ressaltar as vantagens da minha distro favorita.
Para mim a discussão de distros gera conhecimento, mas para outros não, então logo tive que perder esse costume de discutir distribuição.
Quando eu estava me tornando um proeminente membro da comunidade de software livre local eu sou aprovado num vestibular para o curso de ciência da computação na UFMT, o ano é 2009 e eu tenho que me mudar para o Mato Grosso, começo a montar um grupo de software livre na faculdade onde o interesse ainda é baixo pelo assunto nos dias de hoje, fui convidado para ser palestrante em um evento de install-fest em uma cidade da região onde eu era ativista no ano anterior, preparei uma palestra sobre o BrOffice.org e junto com meu vice presidente do SLMT (Software Livre Mato Grosso) fomos para a cidade de Ivolandia/GO.
Houve um pequeno problema de comunicação quanto a horários para sermos pegos no local onde descemos do ônibus (posto de gasolina na beira da rodovia), passados 30 minutos eu e meu fiel amigo decidimos caminhar até a cidade mais próxima que estava a 4 km dali para podermos ligar para nosso contato vir nos buscar. Andamos e andamos e ao longo desse percurso alguns carros passaram por nós, inclusive carros que estavam indo para o evento, mas nenhum nos deu carona e olha que estávamos carregando um violão. O que eu não entendo é porque não nos deram carona, caras com violão são inofensivos. : )
Quando acabamos de chegar na cidade o nosso contato aparece com um mega sorriso no rosto e diz: "Slackware, eu não acredito que você veio a pé". Sim, já me chamaram de Slackware, então fomos para o evento e foi tudo muito bom, um dos mais pequenos e melhores eventos que já fui, pois podia se sentir o impacto causado no lugar pelo software livre.
Ainda na véspera desse evento um notebook que eu estava usando com o Slackware 12.2 estava com a rede sem fio sem funcionar, lancei mão disso e comecei a tentar resolver, fiz de tudo, instalei o madwifi, recompilei o kernel, instalei o sistema novamente, mas não teve jeito, a coisa não funcionava. Passei a noite inteira e vi o sol nascer tentando arrumar a conexão sem fio, um pouco mais tarde descobri que eu só precisava setar manualmente o DNS no arquivo /etc/resolv.conf e meu problema foi resolvido. Então tudo ficou perfeito e meu Slackware não foi motivo de piada por parte de meus colegas.
O último evento de software livre que participei em 2009 foi como tutor de um minicurso de Linux em um simpósio de computação da minha faculdade.
Agora em 2010 ainda uso o Slackware na novíssima versão 13.1, sou parte da equipe de desenvolvedores do pQui Linux, mantenho listas de software livre e sou instrutor de um projeto de estudo de software livre na minha faculdade, estou editando esse longo artigo de um pQui Linux 3.0 e sempre que tem software livre envolvido tem aventura, desventura e aprendizado.
Essa é a vida de quem se aventura pelos caminhos do software livre, cheia de emoções, amizades e acima de tudo espírito de compartilhamento de conhecimento e experiências. Pposso dizer com toda certeza: amo muito tudo isso!
Esse ano tiro a LPI e participo do FISL.
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