Case de Sucesso com Sistema de Gestão Hospitalar

Este artigo tem o objetivo de apresentar um case de sucesso de migração de sistema operacional proprietário, para um sistema operacional livre (Debian 8) em ambiente hospitalar. O conteúdo do artigo é destinado, principalmente, a hospitais que utilizam o sistema de gestão hospitalar SGH-SPDATA, pois serão apresentados os passos para deixar este sistema de gestão hospitalar funcionando em um ambiente Linux.

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Por: Jacob Michael Deimling Reichl em 08/11/2016


Introdução



O Hospital onde foi desenvolvida a pesquisa, usa um sistema de gestão hospitalar chamado SGH-SPDATA. O sistema de gestão é baseado na linguagem de programação Delphi e usa banco de dados Firebird, este sistema foi desenvolvido para rodar na plataforma do software proprietário Windows.

O parque de máquinas da empresa usa o sistema operacional Windows, porém, grande parte do parque de máquinas não possui licenças do sistema, foi detectada a necessidade de adotar um sistema operacional livre para gerar economia para a empresa na compra de licenças e também trazer mais segurança para a rede de computadores da empresa, pois a maioria dos softwares maliciosos, conhecidos como vírus, foram desenvolvidos para os sistemas operacionais proprietários.

1. Fundamentação Teórico Metodológica

1.1. SOFTWARE LIVRE

Software livre é uma expressão utilizada para designar qualquer programa de computador que pode ser executado, copiado, modificado e redistribuído pelos usuários gratuitamente. Os usuários possuem livre acesso ao código-fonte do software e fazem alterações conforme as suas necessidades[1]. Um exemplo de software livre é o sistema operacional GNU/Linux, que será tratado neste artigo.

1.2. SOFTWARE PROPRIETÁRIO

O software proprietário, privativo ou não livre, é um software para computadores que é licenciado com direitos exclusivos para o produtor. Conforme o local de comercialização do software, este pode ser abrangido por patentes e direitos autorais, assim como limitações para a sua exportação e uso em países terceiros[2]. Um exemplo de software proprietário é o Windows, da Empresa Microsoft.

1.3. SGH-SPDATA

Os sistemas SPDATA oferecem soluções completas para instituições de saúde de todos os portes, abrangendo as áreas assistenciais, clínicas, administrativas, estratégicas - Business Intelligence - e PACS. Por serem adaptáveis e com atendimento personalizado, as soluções SPDATA são personalizadas e se encaixam perfeitamente em cada instituição de saúde, com baixo investimento e alta performance[3].

1.4. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE GESTÃO HOSPITALAR SPDATA

No cenário do Hospital HCO, o servidor do SGH - SPDATA utiliza o sistema operacional Linux Debian Wheezy, rodando banco de dados Firebird e nele, também está instalado o serviço Samba para o compartilhamento dos executáveis do sistema. Nos hosts é instalado o cliente Firebird e é mapeada a unidade de rede do servidor, e também são copiados os arquivos de configuração e executáveis para o computador.

1.5. DISTRIBUIÇÃO LINUX UTILIZADA

A distribuição escolhida para implantação foi o Debian 8, codinome Jessie, com a interface gráfica LXDE. A distribuição Debian é conhecida mundialmente pela sua estabilidade, cada pacote do sistema passa por diversos testes, após 2 anos de testes é lançada uma nova versão do sistema operacional estável para download. A distribuição Debian tem um ótimo suporte, pois possui uma comunidade de usuários e mantenedores grande.

1.6. INTERFACE GRÁFICA LXDE

O LXDE (Lightweight X11 Desktop Environment), é um ambiente de área de trabalho extremamente rápido, ágil e poupador de energia. Ele é mantido por uma comunidade internacional de desenvolvedores e vem com uma bonita interface para o usuário, suporte a múltiplos idiomas, atalhos de teclado padrões e características adicionais, como um gerenciador de arquivos com navegação em abas. O LXDE exige menos da CPU e consome menos memória RAM.

Ele é desenhado especialmente para computadores em nuvem com especificações de hardware limitadas, como Netbooks, dispositivos móveis (ex.: MIDs) ou computadores antigos[3]. Com o sistema operacional rodando sem nenhuma aplicação em execução, a interface gráfica consome somente 120 MB de memória, o que é extremamente baixo se comparado com outras interfaces gráficas.

1.7. FERRAMENTAS

Esta seção vem apresentar as ferramentas que deverão ser instaladas, e também as ferramentas que já vem incluídas no sistema operacional Debian 8 Jessie.

1.7.1. WINE

Wine (acrônimo recursivo para "WINE Is Not an Emulator", isto é: WINE Não é um Emulador, em tradução livre) é uma camada de compatibilidade para sistemas operativos UNIX, que tem como objetivo a implementação da API do Microsoft Windows. Desta forma, em teoria, o Wine permite a execução de aplicações desenvolvidas para ambientes Windows nativamente noutros sistemas operativos[4].

1.7.2. PACOTE CIFS-UTILS

O protocolo SMB/CIFS fornece suporte para compartilhamento de arquivos interplataforma com sistemas Microsoft Windows, OS X e outros Unix. Este pacote fornece utilitários para gerenciar montagens de sistemas de arquivos de rede CIFS[5].

1.7.3. PACOTE SMBCLIENT

Samba é uma implementação do protocolo SMB/CIFS para sistemas Unix, fornecendo suporte para compartilhamento de impressoras e arquivos interplataforma com o Microsoft Windows, OS X e outros sistemas Unix.

Este pacote contém utilitários em linha de comando para acessar servidores Samba e Microsoft Windows, incluindo smbclient, smbtar e smbspool. Utilitários para montar compartilhamentos localmente, estão no pacote cifs-utils[6].

1.7.4. TEMA DO WINDOWS 8 PARA A INTERFACE GRAFICA LXDE

Este tema tem como finalidade, facilitar a adaptação do usuário com o Linux, pois o tema deixa o sistema bem parecido com o Windows 8, o download deste tema pode ser feito no link abaixo:

1.7.5. FSTAB

O "fstab" (/etc/fstab) é um arquivo presente no sistema operacional Linux, que contém todas as informações sobre mídias e partições do seu computador. Ele é utilizado juntamente com o mount, que geralmente lê no "fstab", informações como: onde montar a partição X e como montar[7].

1.7.6. CUPS

CUPS (anteriormente um acrônimo para "Common Unix Printing System", mas agora com nenhuma expansão oficial), um sistema de impressão para sistemas operativos de computador tipo Unix, permite que um computador aja como um servidor de impressão.

Um computador rodando o CUPS, é um hospedeiro que pode aceitar tarefas de impressão de computadores clientes, processá-los e enviá-los à impressora correta, além disso, é possível monitorar impressões, relatar erros de impressões, visualizar relatórios sobre número de páginas impressas, data e horário da mesma[8].

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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. Desenvolvimento
   3. Resultados e Discussões
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Comentários
[1] Comentário enviado por cesar.dba em 08/11/2016 - 19:11h

Muito bom, para ficar ainda mais show se estivesse usando PostgreSQL.
César Carvalho
Especialista em Banco de Dados

[2] Comentário enviado por kowalskii em 09/11/2016 - 08:48h

Ótimo artigo, parabéns!
trabalho em uma empresa que também desenvolve sistema em delphi + firebird, quero fazer um teste similar no linux quando tiver oportunidade
abraço

[3] Comentário enviado por removido em 10/11/2016 - 09:20h

Excelente artigo. Parabéns!!
Carlos Filho

http://opensuseblogbr.blogspot.com.br/

[4] Comentário enviado por willian.firmino em 10/11/2016 - 10:54h

Pelo tempo de suporte prolongado eu faria testes com o Centos 7 antes de tentar o Debian.

[5] Comentário enviado por ilucasbernardes em 10/11/2016 - 11:45h

Muito bom o exemplo, realmente interessante e gratificante para a comunidade.
Alguém possui disponibilidade para um teste com um ERP gratuito, produzido para Windows?
Abraços!

[6] Comentário enviado por vfsmount em 10/11/2016 - 14:29h

Grande Jacob, e assim como um grande cara vem um grande artigo.
Muito boa contribuição, fiz isso com o ubuntu e larguei mão pelo trabalho todo, mas você fez com qualidade
Parabéns.

Rodolpho

[7] Comentário enviado por jacobr94 em 10/11/2016 - 17:36h

Obrigado pelos Comentários Galera, fui gestor de TI de um Hospital por 2 anos, ai tive essa ideia na época e deixei funcionando, passei metade do parque de maquinas para linux , muitos hosts eu deixei com xubuntu, mais tarde eu testei com debian e vi que o desempenho e muito superior pois é um sistema que vem bem limpo desde o kernel, também testei fedora, opensuse, mas debian e xubuntu sao as duas distros que se sobresairam, hoje não trabalho mais na area da saude, fico feliz em poder contribuir com a comunidade de software livre.

[8] Comentário enviado por lucksxe em 14/11/2016 - 22:50h

Parabéns.
Muito boa iniciativa.
Presto serviço para uma industria, e comecei o projeto 50 PC migrados para Linux.

Estou usando ubuntu-mate emulando o sistema ERP da empresa feito em delphi + mysql. Quem sabe em um futuro próximo não começamos a migrar os desktops para os raspberryPi ou até mesmo Jaguarboard.

abs.

[9] Comentário enviado por lestatwa em 25/11/2016 - 11:58h

Sistemas legados são um problema. Quem usa delphi hoje em dia?
Sistemas hospitalares de grande porte, em grande parte rodam on the cloud. O que facilita bastante a manutenção do mesmo e evita este tipo de problema: ter que configurar um ambiente cheio de gambiarras (wine?) para funcionar.
Além disto, hoje existe uma grande aderência com relação a utilização de técnicas de machine learning (principalmente para diagnóstico, porém não é restrito a este setor), que exigem muito processamento e memória, geralmente dependem de uma estrutura de cluster (apache spark / hadoop) para funcionar corretamente / real-time (estou falando de grandes hospitais, com um volume imenso de dados gerados todos os dias), o que tornaria inviável a utilização do modelo obsoleto stand-alone.

[10] Comentário enviado por removido em 18/01/2017 - 20:04h


[9] Comentário enviado por lestatwa em 25/11/2016 - 11:58h

Sistemas legados são um problema. Quem usa delphi hoje em dia?
Sistemas hospitalares de grande porte, em grande parte rodam on the cloud. O que facilita bastante a manutenção do mesmo e evita este tipo de problema: ter que configurar um ambiente cheio de gambiarras (wine?) para funcionar.
Além disto, hoje existe uma grande aderência com relação a utilização de técnicas de machine learning (principalmente para diagnóstico, porém não é restrito a este setor), que exigem muito processamento e memória, geralmente dependem de uma estrutura de cluster (apache spark / hadoop) para funcionar corretamente / real-time (estou falando de grandes hospitais, com um volume imenso de dados gerados todos os dias), o que tornaria inviável a utilização do modelo obsoleto stand-alone.



Muita gente ainda usa, e não sera fácil convencer gerente(s)/diretoria a deixar de usar o que eles ja tem, sem ter fortes motivos para isso.
Em tempo de contenção de despesas então, tera que mostrar claramente onde os custos ($) irão cair (Mesmo com implantação de um sistema novo, e tempo com treinamento etc).

Alem disso é um case interessante, pense em um lugar que não migra para Linux por conta de um sistema antigo, quase sem suporte e caro para atualizar, mas que apesar de tudo "funciona".

Para quem precisa economizar o ultimo real, e trocar o sistema no momento esteja fora de questão ($).

Se aproveitar hardware e economizar com licenças (Usando Linux) der certo, o próximo passo no futuro, pode ser justo ter mais flexibilidade para substituir este sistema por algo mais moderno.






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