Comportamento das tecnologias WEB e seus meios de acesso

Este artigo fala um pouco sobre o comportamento das tecnologias WEB e sobre os meios de acesso.

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Por: Perfil removido em 09/02/2011


Comportamento das tecnologias WEB e seus meios de acesso



Ainda me lembro quando comprei meu primeiro smartphone. Odiava ter que navegar naquilo. Eu estava acostumando a utilizar a internet em desktops, com telas grandes e confortáveis. Os sites também não ajudavam. Praticamente nenhum site tinha uma versão mobile decente que pudesse satisfazer as necessidades dos usuários. O opera tentava fazer a parte dos desenvolvedores, tentando manipular o site para que ele fosse mais bem visto em telas menores. Era bom, mas não o ideal.

Hoje eu não vivo mais sem um smartphone. Antes usávamos o celular para, no máximo, ler e-mails. Hoje lemos feeds, Twitter, enviamos, recebemos e arquivamos e-mails. Dependendo do aparelho, é possível criar planilhas, documentos, pastas e tudo mais. Quando se trata web, podemos fazer praticamente tudo o que fazemos em nossos desktops. Se você tem um sistema web, ele, teoricamente, já funciona em qualquer aparelho móvel.

Do ponto de vista de desenvolvimento, para produzir tudo isso, não é preciso reprogramar o sistema. Contudo, visualmente, tudo muda. Obviamente, o design utilizado para mobiles é diferente do design para desktops. E é aí que há muitas mudanças. O comportamento, as respostas cognitivas e a forma de uso dos mobiles são totalmente diferentes do que estamos acostumados em desktops. Isso afeta totalmente a acessibilidade e a usabilidade do sistema / site.

Temos muitas indicações das ações feitas com o mouse. Por exemplo, quando clicamos em algum botão ou link, mudam-se as cores, sublinhado, background, bordas e etc. Tudo isso nos dá uma resposta de que acionamos algum mecanismo.

Nos mobiles é diferente. Normalmente, como utilizamos fosse dedo, a área visível do botão praticamente some. Logo, indicações de cor, fundo, sublinhado e etc, não são tão efetivos. Mas, se fizermos o aparelho vibrar, conseguiremos dar ao usuário a indicação de que ele acionou uma ação.

É por conta destas diferenças - que parecem simples em uma primeira análise - que a idéia da criação de subsets de linguagens client-side pode ajudar. Imagine você controlar por CSS a força, a quantidade de vezes e o tempo de vibração do aparelho. Em desktops isso não afetaria em nada, mas para mobiles e outros tipos de aparelhos - de toque, principalmente - traria uma grande vantagem de acessibilidade e usabilidade.

Você já deve saber que o desenvolvimento com padrões web é dividido em três camadas: informação, formatação e comportamento. O HTML é responsável pela informação. O CSS é responsável pela formatação e o JavaScript é responsável pelo comportamento. Isso mudou um pouco nos últimos tempos.

O JavaScript controlava o CSS para que ele, por sua vez, controlasse o comportamento dos elementos HTML. Para fazer tabelas zebradas (aquelas com linhas com backgrounds alternados), animações, menu com submenus e etc, utilizávamos JavaSript. Uma boa quantidade destas necessidades já pode ser feita com CSS sem problemas, como é o caso das tabelas zebradas. Com as inovações do CSS 3 e do HTML 5, a terceira camada de comportamento não depende mais apenas do JavaScript. Logo, o comportamento (do ponto de vista visual e cognito e não funcional) que os celulares deveriam ter quando determinado botão é selecionado ou clicado também será responsabilidade do CSS.

Para que você entenda melhor, sugiro que leia a especificação do W3C sobre CSS Aural (www.w3.org/TR/WD-acss). Eu já aviso que é coisa do tinhoso. Imagine que um internauta deficiente visual visite um site. Como tem problemas de visão, ele utiliza um leitor de tela ligado ao sistema de som do computador ou ao sistema de som de multicanais, como um Home Theater. Ao visitar o site, o leitor de tela interpretaria seu HTML e leria o CSS Aural. Com o CSS Aural, o desenvolvedor controla, por exemplo, se a voz que o visitante ouvirá é feminina ou masculina. Controla de onde o som sairá, se é da caixa esquerda ou da direita. Se o visitante estiver usando um sistema de som de vários canais, você poderá escolher em qual das caixas conectadas sairá a voz do sintetizador. Controlaremos a pausa da fala, volume, força da voz e etc. Você praticamente "formata" a voz ouvida pelo visitante. Isso tudo em CSS! Genial!

Entenda que a web é mas do que conhecemos. Hoje você assiste a vídeos, imagens e lê. Você escreve, compartilha e produz conteúdo. Todas essas características devem estar disponíveis, não deve importar também o nível de acessibilidade que o visitante necessita. CSS Arual é útil para pessoas com problemas de visão.

Ainda há outros tipos de problemas que devemos prever, como, por exemplo, o dos surdos. Entenda também que os dispositivos não se limitam a notebooks, desktops e smartphones. A moda agora são as tablets, e não vai demorar muito para surgirem outros dispositivos. Pode ser que a próxima moda seja uma geladeira ou um micro-ondas que acessa a internet, pode ser qualquer coisa. Portanto abra sua cabeça, saia da caixa.

Para o desenvolvimento web, o termo "dispositivo" não pode existir mais. O que existem são meios de acesso. Tenha sempre em mente que a informação deve ser variada. A informação precisa ser única. Precisa ser reutilizada. Precisa estar disponível em qualquer lugar, a qualquer hora, não importando o meio pelo qual está sendo acessada. Uma web onipresente.

Agradeço a todos pela atenção.

E fiquem a vontade para complementar, dar críticas e sugestões, são sempre bem-vindas.

Viva o Linux! Porque nós amamos a liberdade!

   

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