Segunda parte
Linha de comando vs. GUI?!
Nesta etapa, eu gostaria de fazer uma distinção, nem sempre
KISS significa usar linha de comando ao invés de uma
GUI.
Na verdade, se KISS significasse usar só linha de comando,
Slackware não seria uma distribuição KISS, já que a mesma possui vários ambientes completos, em especial o
KDE, com todas as "frescuras" que este ambiente concede, incluindo
Networkmanager, efeitos especiais, e toda "frescura" que se possa imaginar para enfeitar a área de trabalho.
Isso mostra algo interessante, apesar de ser uma distribuição KISS, Slackware tem também muito de HUG. Como não teria? A própria interface gráfica, e o conceito
WYSIWYG, implica em usabilidade e facilidade para o usuário, encobrindo tudo o que seria feito com linha de comando e edição de arquivos de texto.
Mais uma observação sobre Slackware: durante muito tempo não tinha
Slackpkg oficialmente, e usar gerenciadores de terceiros, como
Swaret e
Slapt-get, podia ser considerado heresia pelos mais puristas, pois fugia do princípio KISS, mas depois a distro evoluiu e adicionou um gerenciador de pacotes que baixa e instala pacotes automaticamente (o próprio Slackpkg), coisa que o
Debian (ruim ou não) já fazia há muito tempo.
Agora, Slackware deixou de ser uma distro KISS por causa dessa "mamata"? Claro que não. E duvido que algum usuário de Slackware reclame que o slackpkg estragou a filosofia KISS do sistema. Aposto que muitos dão graças a Deus (ou a
Piter Punk, que seja).
KISS, na prática, é um conceito bonito e útil quando a questão é minimizar erros e bugs, mas vai de encontro com uma simples realidade: muito do que se usa no computador, foi feito para ser entendido pelos seres humanos. Isso quer dizer que quanto mais intuitivo/rápido/fácil, melhor.
E se algo precisa ser complexo para ser mais fácil para o usuário, deixe complexo, e se tem bug por ser complexo, que corrijam o bug!
Deixando a questão de bugs de lado, o que é mais agradável na sua opinião, ou melhor dizendo, o que é mais intuitivo? Arrastar um diretório para a lixeira ou abrir um terminal, executar "rm diretório" e receber uma mensagem de que não pode excluir, aí usar "rm -fr" e apagar o diretório errado sem querer?
Se eu pudesse comandar meu notebook com a voz, apenas dizendo: "ligar... Exclua diretório tal... Escreva isso". Eu usaria esse recurso. Se eu pudesse usar gestos para abrir e mover arquivos, como se manipulasse arquivos físicos, eu usaria esse recurso! Como neste trecho do filme "Iron Man":
Mas como não posso, eu uso o ponteiro do mouse. Gestos são mais intuitivos que usar comandos para executar operações no computador, mas esse recurso ainda vai chegar, porém, hoje o melhor que temos são GUI, botões e cliques do mouse.
Ou você realmente acha mais intuitivo digitar linhas de comando e consultar
man pages de tempos em tempos?
O próximo passo da usabilidade, após os cliques com o mouse, será o uso de gestos naturais. A informática evolui para FACILITAR a vida dos usuários, para permitir que os usuários se conectem com dois cliques ao invés de editar arquivos de texto.
Talvez você goste de usar os comandos, talvez tenha muita intimidade com eles, mas duvido que faça tudo por comandos. Por outro lado, muitos usuários fazem praticamente tudo sem usar comandos diretamente no terminal.
Quando
Steve Jobs, viu a
Interface Gráfica, ele percebeu que aquilo seria o futuro e por isso investiu pesado nisso. Mesmo que tenha levado uma rasteira do
Bill Gates, e mesmo que tenha pirateado a ideia da
Xerox, ele reconheceu a importância da interface gráfica.
A interface gráfica não eliminaria a linha de comando, mas a colocaria numa posição diferente. Linha de comando passaria a ser usada apenas quando a GUI não funcionasse, como ferramenta e não como modo principal de operação. E isso é perfeitamente compreensível.
Mas este artigo não é sobre "Linha de Comando vs. Interface Gráfica" e sim sobre "KISS vs. HUG". Embora os termos estejam relacionados, são conceitos diferentes.
Conclusão
Onde eu queria chegar, parece-me meio idiota defender um princípio com unhas e dentes, e isso costuma ser feito com maior vigor pelos usuários KISS, porque de fato, no final das contas, a prioridade que todos querem, é que o sistema/software funcione e que seja possível se aprofundar em seu funcionamento, caso se deseje, mas que isso não seja requisito para usar o sistema!
Enquanto esse dia não chega, o que podemos fazer é contornar os bugs e viver escolhendo qual é o menos ruim: mais trabalho ou menos conhecimento. Uma decisão pessoal onde um não pode julgar o outro por pensar diferente.
Sem falar que as necessidades diferentes alteram as prioridades. Por exemplo, para um determinado servidor, talvez seja melhor que funcione apenas por linha de comando. Mas para uso diário em casa, quanto mais HUG melhor, pois pode-se aumentar o risco de falhas.
HUG ou
KISS, tem a ver com o que o usuário escolhe fazer, as ferramentas que o sistema disponibiliza e suas necessidades.
E você, prefere KISS ou HUG?
Abraço, caro amigo(a)!
P.S.: ao ler sobre
KISS na Wikipédia, percebi que esta visão de simplicidade foi adotada ou, de certa forma, parafraseada por pensadores, como Einstein, Da Vinci e outros. Então, para não deixar HUG em desvantagem, escolhi frases famosas que, acredito eu, sustentam a ideia do HUG:
- "Qualquer tecnologia suficientemente avançada, é indistinta de magia." - Arthur C. Clarck
- "Design é a alma fundamental de uma criação humana, que acaba se expressando em camadas externas sucessivas do produto ou serviço." - Steve Jobs
- "A beleza é uma forma da genialidade, aliás, é superior à genialidade na medida em que não precisa de comentário." - Oscar Wilde
- "A melhor visão é a intuição." - Thomas Edson
- "Uma imagem vale mais que mil palavras." - Confúcio
- "Bem feito, é melhor do que bem explicado." - Benjamin Franklin