Software livre, capitalismo, socialismo e um possível caminho novo

Discussão do uso de Linux por iniciativa privada ou estatal que deram errado (computadores/eletrodomésticos baratos e inclusão digital por licitação) e os que parecem que vão dar certo (ChromeOS e Pardus Linux). Reflexão sobre sistemas econômicos (capitalismo/socialismo) e por fim (mais polêmico!), sugestão de um caminho novo para uma sociedade ideal.

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Por: celio ishikawa em 14/10/2009


Más experiências



A disseminação da informática é uma tendência geral, mas dessa tendência vamos separar duas frentes: do lado da iniciativa privada, significava que muita gente passaria a comprar computadores e laptops de tal modo que não só lojas de informática, mas as de eletrodomésticos e grandes papelarias passariam a explorar o mercado. E do lado público/estatal, significava que o computador passaria a ser uma ferramenta importante para gerenciar a burocracia e que surge a necessidade da inclusão digital a ser oferecida para que aqueles não têm recursos para comprar computadores e pagar um curso de informática.

Com o movimento do software livre crescendo, encabeçado principalmente pelo sistema operacional Linux, essa tendência geral se depara com a possibilidade de colocar um sistema livre e barato que nasceu da colaboração de milhares de pessoas que buscavam uma alternativa (principalmente) ao Windows da Microsoft.

Contudo, como observou a comunidade do software livre, o uso do Linux por fabricantes e governos não necessariamente resultou em experiências boas, ao contrário, algumas foram bastante traumáticas a ponto de estimular seus usuários a comprarem o Windows pirata.

Vejamos como foram essas experiências.

Aliás um adendo: ainda que efetivamente poucos tenham visto ou usado, um marco nessa história foi a campanha do One Laptop Per Children (um laptop para cada criança), que chamou a atenção para o mundo da necessidade da informática ser disseminada. Muitos políticos entenderam o recado, e vários fabricantes viram que vender laptops baratos era uma boa oportunidade de negócios. Se pensarmos bem, a disseminação de netbooks se deu mais ou menos a partir desse período. Recentemente o time da One Laptop Per Children (OLPC) até teve de reduzir seu quadro de pessoal, pois os negócios não avançaram muito, isso porque os governos e o mercado viram que podiam atender essa demanda sem aderirem ao projeto.

O avanço e a popularização do hardware fez com que computadores pudessem ser vendidos junto com eletrodomésticos e materiais de papelaria. Isso fez com que novos fabricantes se aventurassem no ramo e o principal diferencial que ofereciam era o baixo custo. E uma forma de baixar o custo era o uso do Linux no lugar do Windows.

Linux podia ser barato por ser livre, há toda uma filosofia por trás dessa liberdade e colaboração pelo aperfeiçoamento do sistema. Contudo, para os fabricantes só interessava a questão do custo, e venderam muitos PCs e laptops/netbooks que bastava estar funcionando na hora da compra pelo cliente, sem a preocupação adequada com hardwares mais adequados ao sistema, configuração, inclusão de um pacote amplo de programas etc. Como resultado, havia problemas de hardware, os clientes sentiam falta de programas e quando iam ao camelô comprar programas para Windows, não conseguiam instalar pois era outro sistema. Ao invés da grande massa passar a admirar Linux, uma parte passou a achar que computadores com Linux eram uma furada. Alguns fabricantes eram safados e vendiam hardwares ruins e botavam a culpa no Linux, e o descompromisso deles com o sistema chegava ao absurdo de oferecerem Windows para quem pagasse a mais.

E do lado estatal, também houve traumas. Desse lado, o governo fixava por edital tudo o que o novo sistema devia fazer, de forma que pelo menos o hardware e os programas deveriam funcionar minimamente de forma razoável. Contudo, o problema é que a escolha do sistema ocorria por licitação. Os times do Debian, Slackware, Ubuntu, Fedora etc oferecem bons sistemas e suporte, contudo, por se tratar de um time de colaboradores espalhados pelo mundo, não é propriamente o interesse deles participar dessas licitações governamentais. Há sim empresas nacionais consolidadas que teriam interesse em fornecer ao governo um atencioso serviço de implantação e suporte.

Mas, por se tratar de licitação, o governo não pode escolher a dedo um sistema, e na licitação acaba ganhando quem oferece todos os itens listados no edital pelo menor preço. Eis aí uma nova desgraça quando ganham empresas formadas às pressas por sócios interessados na licitação que também vêem o Linux apenas como redutor de custos. Se no edital se pede um sistema que tenha processador de texto e funcione com a impressora, eles oferecem um sistema que faz isso, mas não com o programa mais atual nem com as últimas melhorias em comunicação com hardware. Assim, o servidor trabalha no governo com o sistema funcionando precariamente, e ao voltar para casa, constata que no computador que ele comprou para si tudo funciona de forma mais moderna.

Ou então quem é atendido pela inclusão digital, lida com um sistema muito diferente do que o mercado de trabalho usa, e fica falho o objetivo da inclusão digital, que é de familiar as pessoas com a informática para terem mais chances. E como o governo é formado por pessoas, não é difícil que numa próxima licitação os políticos determinem por edital que um dos pontos a atender seja o Windows como sistema.

Assim, na iniciativa privada e no governo, as más experiências com Linux (que infelizmente chegaram a milhares de pessoas) têm o ponto em comum de verem no software livre apenas uma redução de custos.

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Páginas do artigo
   1. Más experiências
   2. Boas experiências (Pardus e ChromeOS)
   3. Motivações que formam o capitalismo e socialismo
   4. O software livre inspirando novos caminhos
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Comentários
[1] Comentário enviado por removido em 14/10/2009 - 03:02h

Concordo, acho que o mundo ta com foco errado, em vez de focar em dinheiro deveria focar em evolução, melhorias...Mas enfia isso na cabeça do povão/carnaval/futebol...

[2] Comentário enviado por jrmessi@gmail.co em 14/10/2009 - 07:13h

É duro ter que admitir que muitos ainda vejam os sistemas abertos apenas como uma "vantagem comparativa e competitiva". Linux está a anos luz a frente dessa premissa.

[3] Comentário enviado por albertguedes em 14/10/2009 - 18:25h

A terceira via já existe, e se chama Keynesianismo - livre comércio mas com controle do estado. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_keynesiana )

Mas teorias economicas possuem muitos detalhes técnicos pra serem discutido em alguns paragrafos.
Só vou dizer que , o que motiva o desenvolvimento e crescimento opensource, é nada mais nada menos que a NESCESSIDADE DE CRIAÇÃO. Seja no capitalismo ou no comunismo (ou em qualquee lugar entre esses dois), o que motiva a todos é a criatividade, por isso as inovações saem sempre das faculdades, por que é o lugar onde os estudantes tem sempre idéias frescas e querem vê-las aplicadas logo.

Veja que pra isso não precisei citar sistema econômico algum, dinheiro pode mudar os tipos de programas que se desenvolve, mas não o método. Se fosse assim a Google não estaria ganhando rios de dinheiro com opensource, a RedHat e a Mandriva já seria empresas falidas e esquecidas, e por ai vai.

Quanto ao hardware, tem o movimento OpenHardware, que visa a criação de esquemas para equipamentos livres de royalties de patentes, ficando a única diferença é a produçã do equipamento em fábrica, já que o projeto do mesmo é de graça.

[4] Comentário enviado por nicolo em 15/10/2009 - 11:32h

Não entendi se a Turquia é comunista, socialista ou capitalista.
Não entendi o que o software livre tem a ver com socialismo ou comunismo, exceto o fato que não tem dono.

Será porque na Turquia eles tem um GNU-Linux nacional e nós não temos.
Talvez lá na Turquia haja um povo pão duro que não quer pagar licenças para ninguém. Seria isso?

Os fabricantes não fornecem hardware para linux porque vende pouco. Muita gente compra computador com linux
e depois pergunta, aqui no VOL, na cara de pau, como fazer para instalar um Windão Piratão.

[5] Comentário enviado por removido em 16/10/2009 - 02:32h

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Será porque na Turquia eles tem um GNU-Linux nacional e nós não temos.
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Essa eu definitivamente não entendi... Voce quer dizer uma feita pelo governo e tal??? Uma que em vez de tocar um batuque da floresta toque o hino nacional??? O que dizer de Resulinux, Kurumin (RIP) e outras tantas???

{{{
Talvez lá na Turquia haja um povo pão duro que não quer pagar licenças para ninguém. Seria isso?
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Naum vala azim da brima da babai!!!!

Eu sei de uma coisa: eu preciso de dinheiro, gosto de dinheiro e das coisas que ele pode comprar pra mim, pras pessoas que eu amo e praquelas que eu nem conheço, que às vezes ajudo financeiramente... E definitivamente os governos não entendem nada de administrar dinheiro e sim de tomá-lo da gente por todas as vias possiveis e imaginaveis. E também gosto do Linux, independente de ser livre ou gratis ou o caramba que fosse... Eu paguei pelo meu primeiro Linux e gostava dele.

[6] Comentário enviado por celioishikawa em 16/10/2009 - 09:06h

Bom, respondendo a alguns comentários:

Por terceira via, não me referia ao keynesianismo, pois keynesianismo lembra muito empresas estatais. A solução que tava pensando não são novas estatais e sim que o Estado crie um ambiente que possibilite um novo tipo de organização/empresa que não vise o lucro, mais ou menos como consórcios tipo Firefox, WebGL, etc. Para informática já existe: empresas financiam esses centros, universitários participam. Por isso a proposta é que surjam organizações assim para outros ramos fora a informática, seja para fabricar mesinhas, vidros, etc.

Reparem que apesar de não visarem lucro, não estou falando de ONGs, pois nunca vi ONG para desenvolver mesas, vidros, etc (no máximo, ONGs que mexem com comunidades que fazem artesanato e tal. Mas isso porque encaram esse artesanato - dos índios por exemplo - como tradição a ser preservada. A comunidade do software livre não precisa ser considerada uma comunidade com tradição a ser preservada para ONGs preservarem a cultura do software livre).

Quanto à Turquia: com a queda do muro de Berlin, não existem mais países comunistas na Europa. Acho que Turquia não era, mas faz pouca diferença pois eu também fui reducionista e reduzi o comunismo ao estatismo (quando é muito mais do que isso). E no caso, Pardus Linux foi desenvolvido pelo Estado.

Fico me perguntando como seria se linux existisse antes da queda do Muro de Berlin. Será que os agentes da KGB iam fazer engenharia reversa do Unix e criar uma versão fechada? Ou iam aderir ao movimento? Bom, mas infelizmente naquela época a Macarthismo não ia deixar o movimento se difundir, dizendo que desafiar a Microsoft é coisa de comunista. Imagino que iam tentar expulsar Stallman da universidade dizendo que era comunismo... (por essas e outras a polarização foi idiota).

Não é questão da Turquia ter um povo pão duro, nem é o caso do governo não entender de administrar dinheiro. Ao contrário, no caso do Pardus Linux (vide review em http://www.guiadohardware.net/artigos/pardus-linux-2009/) eles foram mais espertos que o Brasil. Vide esses trechos do artigo "ID no Brasil" (http://www.vivaolinux.com.br/artigo/Inclusao-Digital-no-Brasil):

"A Inclusão Digital no Brasil caminha a passos largos, porém por caminhos tortuosos.(...) A poucos dias fui chamado em uma escola para poder observar o porque dos computadores não rodarem um CD com jogos educacionais, fornecidos junto aos PCs. Em 1 minuto de frente ao computador obtive a resposta. Falta do "Flash". Um jogo totalmente em Flash, e os computadores não suportavam o arquivo. Fácil solução, instalei o GNash no servidor e pronto. Agora, custava adicionarem este pacote junto a distro? Não né."

Ou seja, desenvolver a própria versão do Linux foi uma boa escolha do governo turco, muito melhor que eles se perderem no meio de sabores de linux, muitos dos quais trazidos por políticos ou empresários safados utilizando kernel atrasado. Aó achei meio exagerado o Pardus usar um repositório próprio, ao invés de aproveitar os repositórios da Ubuntu, Red Hat, etc.

[7] Comentário enviado por nicolo em 18/10/2009 - 18:17h

Não temos uma distro de alcance nacional como, até português tem: o Caixa Mágica.
Tínhamos o kurumin, acabou.

[8] Comentário enviado por igormorgado em 19/10/2009 - 05:25h

<sarcasmo>
Certamente. Se tivermos um SO nacional teremos resolvido todos os problemas de inclusao digital(!!) e adocao de linux, como ninguem pensou nisso antes? Um tocando o hino nacional e com codigo fonte totalmente em tupi guarani. Ja tenho até o nome pro negocio. LinuxBras ou Branux.
</sarcasmo>

[9] Comentário enviado por Teixeira em 19/10/2009 - 18:20h

Boa discussão.

Mas convém lembrar que no Brasil (de dimensões continentais) já existem inúmeros governos estaduais e municipais que aderiram completamente ao software livre, enquanto em outros estados e prefeituras anda existe alguma má vontade, determinada pelo pensamento de um certo número de pessoas em posições-chave.
Apenas do Linux são várias versões, algumas adaptadas "sob encomenda" , como é o caso do Libertas.

E embora os conceitos de 'capitalismo", "socialismo" e "comunismo" estejam rigorosamente dentro do que a sociedade tem aceitado até o presente momento, devemos considerar que certos termos tiveram seu real significado distorcido de acordo com o passar dos tempos.

Capitalismo - É um regime basicamente determinado pelas assim chamadas "leis de mercado", que se faz passar como sendo "o melhor" regime (em termos absulutos). Apresenta vícios gravíssimos, oportunamente explorados por lobbies poderosos.

Socialismo - Em teoria, deveria ser o regime ideal. No entanto, implantado por facções governamentais e empurrado pela goela do povo abaixo, não tem passado de uma forma disfarçada de comunismo. O verdadeiro socialismo tem muito a ver com a comunidade open source, com o cristianismo, com as ONGs de solidariedade e assistência social, e não com uma forma de governo de um povo.

Comunismo - Por vezes pintado com o rótulo de socialismo, apresenta em sua própria denominação um grande engano: "Comunismo" não vem de "comum", mas de "comuna", que significa "facção", "seita", "separação". onde um fatia do povo - uma pseudo-elite - se dá extremamente bem, às custas da maioria que vive em suposta igualdade, porém em flagrante desigualdade.

E tem mais: ONG (Organização Não Governamental) refere-se de uma forma ampla a qualquer organização que não pertença ao governo. Por exemplo, um bar, uma farmácia, um posto de gasolina, uma oficina mecânica, uma fábrica de automóveis, um estaleiro, a comunidade Viva o Linux...
O termo ONG ficou estigmatizado devido à desonestidade de certas instituições.
Hoje em dia tem-se tomado importantes medidas para acabar com a picaretagem que algumas típicas organizações "sem fins lucrativos" inflingiram ao povo e ao governo, existindo apenas como parasitas e sem beneficiar a quem realmente deveriam.
Depois da lei das Oscips ficou extremamente difícil criar uma organização-picareta (claro que pessoas inescrupulosas SEMPRE acham um caminho).

"Hospício" anteriormente era a designação de um "lugar hospitaleiro", não de "manicômio".
Até mesmo para os povos de lingua inglesa um manicômio é tratado como uma "instituction" (uma "instituição").
"Aids", que significava "ajuda" hoje é a Sindrome de Imuno Deficiência Adquirida, conhecida em Portugal e em toda a Europa como "Sida" e não como da forma que adotamos no Português-BR.

"Coitado" era aquele que exercia a parte passiva do coito, e por aí vai...

Tenho para mim que o grande problema da adoção definitiva do open source seja exatamente o foco.

Não acho que se deva trocar o Windows pelo Linux apenas por causa do "preço de prateleira" - nos casos em que se deve realmente trocar.
Existem outros custos envolvidos, e é exatamente para aí que o administrador, empresário ou empreendedor devem ter voltados os seus olhos:
"Custos" devem ser TRANSFORMADOS em "investimento", senão a coisa não dá certo de jeito nenhum! (Que ninguém espere que eles se transformem por si sós).
Para o usuário doméstico, que compra o micro já com um SO "gratuito" (ele pensa assim), melhor o Windows. Mesmo porque diz o "velho deitado" que "em time que está ganhando não se mexe".
No entanto, até mesmo um time de várzea pode tornar-se importante, competitivo e até vitorioso.
Depende da seriedade, dos recursos e do profissionalismo com que o mesmo é tratado.
Mas não basta o diretor, ou o técnico serem profissionais ultra-competentes, se não trabalharem em conjunto com toda a equipe - e vice versa, principalmente.

Empreendimentos capitalistas que hoje reputamos como bem sucedidos certamente não o seriam se faltasse profissionalismo ou se houvesse má vontade de seus cooperadores.
Exemplos? Coca Cola, Libbys (Bob´s), Ford, Apple Computer, Google, Casas Bahia, O Boticário...

AH, mas será que eles tinham dinheiro?
Alexander Graham Bell não tinha dinheiro algum. Foi financiado por um rei de um outro país, sem o que certamente não existiriam telefones no mundo. Faltou na época ao Tio Sam a visão necessária para dar ao seu filho o apoio que lhe era imprescindível.
A propósito, esse rei era nada menos que D. Pedro II...
O Samuel Klein se virou como pôde, vindo mascatear em um país de lingua desconhecida.
O Miguel se virou com sua "farmacinha"...
Os "carinhas" do Google ralaram até conseguir o que parecia impossível - e em tempo recorde.
Steve Jobs e o Steven Wozniak ("The Woz") venderam um automóvel para poder construir seu primeiro computador e fizeram literalmente uma "garage company" (uma firma na garage, que por aqui chamamos de "empresa de fundo de quintal").

Cada um precisou mais, outros menos, de dinheiro, sorte, oportunidade, arrojo mas sobretudo decisão e comprometimento para obter sucesso.
Então, depreendemos que as oportunidades precisam ser detectadas por pessoas preparadas, de mentes abertas e deprovidas de preconceitos.

A realidade é que, "inexplicavelmente" lá fora o Brasil é considerado um dos países que mais utilizam e incentivam o código aberto, em especial o Linux.
Nossas distros são respeitadíssimas e estão listadas entre as 200 mais importantes da Distrowatch - mesmo a Kurumin.
E em que pese ser a portuguesa "Caixa Mágica" uma distro muito respeitada, se encontra desatualizada (sob o nosso ponto de vista).
Mas parece que para nós é mais importante comentar que Kurumin foi descontinuada, do que constatar que a Caixa Mágica (e outras igualmente excelentes) já se encontram fora de uso mediante nosso critérios brazucas.
Não acho muito correto afirmar que essa Caixa Mágica tenha "alcance nacional" (e tem mesmo) quando comparado Portugal com o Brasil, um país que é sob o ponto de vista geográfico muitas e muitas e muitas vezes maior (mais extenso).
A diferença mais notável é que os patrícios têm orgulho do que é seu, a começar pelo idioma que ali se fala, e refletindo-se nas mínimas coisas do dia a dia.
Por aqui, pelo contrário, ocupamo-nos em criticar o Kurumin, o Marimoto e a confessar quase com alegria que nao existe mais Kurumin ("ufa! té kinfin!").
Enquanto isso, o trabalho do Marimoto arrebanha cada vez mais respeito e citações favoráveis em terras não-tupiniquins.

Enquanto estamos descontentes com as distros estáveis (para nós já estão "ultrapassadas") e queremos imediatamente as versões instáveis ("da moda"), nos Estados Unidos e na Europa existem GRANDES comunidades que ainda fazem questão de usar distros em suas versões de dois anos atrás. Sem falar naqueles que são adeptos da linha de comandos e dela não abrem mão de forma alguma.

Bem, o fato é que a tão falada inclusão digital (e tudo o que esteja relacionado com ela) não é do intere$$e de algumas pe$$oa$.
Mas se realmente o fosse, a opinião popular de muito pouco adiantaria, não é verdade?

A propósito, sou entusiasta dos FORMATOS ABERTOS para todo e qualquer tipo de arquivo.
O software pode até mesmo ser proprietário, regiamente pago, mas os formatos dos arquivos deveriam OBRIGATORIAMENTE ser intercambiáveis.
Não sendo assim, não posso ver onde está o sentido de uma "concorrência" leal e saudável.
Sem formato aberto, simplesmente não existe concorrência.

[10] Comentário enviado por rsbrsb em 01/03/2012 - 15:17h

Teixeira fala em termos que foram distorcidos mas o próprio faz a maior salada com os termos capitalismo, socialismo, comunismo e ONG. :)

Capitalismo:
- é um modo de produção, assim como o comunismo, o feudalismo, o "modo de produção asiático", etc ... baseado na propriedade privada dos meios de produção e acúmulo de capital;
- não apenas é regido pelas leis de mercado, essa é apenas uma das várias características; o capitalismo liberal ou liberalismo sustenta a tese de que essas leis se regulam harmoniosamente, gerando bem-estar social e de acordo com os mais radicais, o Estado não deve influenciar na economia, mas há a social-democracia, que é basicamente capitalismo com uma limitada influência do Estado realizando a regularização econômica (Welfare state);
- aparece na decadente Baixa Idade Média o pré-capitalismo, com comerciantes que começaram a a buscar o lucro, acumulando-o, mas é depois da do surgimento da indústria (com a produção de mercadorias) que o capitalismo se consolida;
- nesse capitalismo industrial, foram possíveis alguns mecanismos como a transformação de dinheiro em capital (Dinheiro-Mercadoria-Dinheiro), ou seja, a produção de determinada mercadoria com o objetivo não de obter outra mercadoria (Mercadoria-Dinheiro-Mercadoria) mas sim mais dinheiro, que é possível somente através de trabalho excedente.
Os empreendimentos capitalistas citados não teriam sucesso, não somente se não houvesse profissionalismo ou qualquer coisa semelhante, mas também falta de uma administração que maximizasse os lucros como a "administração científica", de Taylor, Fayol, Weber... (em alguns pontos com forte influência de uma estrutura militar) ou falta de propaganda e marketing (principal área de atuação de Steve Jobs e Bill Gates, por exemplo), fetiche de mercadoria, exploração econômica e em alguns casos criminosa dos trabalhadores, etc.

Socialismo:
- é um grande grupo ideológico, entre os quais está a social-democracia, o anarquismo, o socialismo científico ou marxismo (indevidamente chamado de comunismo), entre outras "escolas políticas e econômicas" menos conhecidas como o "socialismo de guildas";
- foi denominado assim por Lenin o que Marx chamou de "primeira fase do comunismo" (em sua obra Crítica ao Programa de Gotha), por razões didáticas;

Comunismo:
- modo de produção baseado na propriedade comum/coletiva (que pode também ser estatal -- o que se relaciona à administração e não à organização estrutural -- ou não) dos meios de produção, ou seja, há mudança radical em relação ao capitalismo nos direitos de propriedade e nas relações de produção;
- a seguinte situação -- "uma fatia do povo - uma pseudo-elite - que se dá extremamente bem, às custas da maioria que vive em suposta igualdade, porém em flagrante desigualdade" -- obviamente não poderia ser vista como comunista, mas digo ao senhor, essa situação jamais aconteceu em União Soviética (até serem iniciadas as reformas capitalistas, nos anos 60, que destruíram o comunismo que estava a ser construído -- não se trata de criar um regime ideal, de tirar algo do "papel" e "enfiar" na prática; se você vê dessa forma então precisa estudar o comunismo através da fonte, sugiro A Ideologia Alemã - volume 1, em que Marx e Engels dizem: "O comunismo não é para nós um estado de coisas que deva ser estabelecido, um ideal pelo qual a realidade terá de se regular. Chamamos comunismo ao movimento real que supera o atual estado de coisas. As condições deste movimento resultam da premissa atualmente existente") -- ou na China, Cuba, Vietnã, Coreia, etc. ou seja em todo lugar em que ocorreram verdadeiras revoluções populares, revoluções do povo, revoluções proletárias (ao contrário do Leste Europeu, que como se sabe foi um antro de oportunistas que trataram de golpear o socialismo através de um plano sabotador muito bem arquitetado); não se trata também, o comunismo, como já explicaram vários marxistas, da negação completa do capitalismo (esse tipo de atitude foi denominada por Lenin de "esquerdismo", considerada "doença infantil do comunismo" -- aliás, é este o título do livro em que ele trata disso);
- é composto basicamente por duas fases: uma inferior (que conhecemos de maneira bem limitada) e outra superior; contribuições originais ao marxismo como as de Mao Tsé-tung incluem uma fase politicamente transicional entre capitalismo e primeira fase do comunismo, denominada Nova Democracia, especial em situações em que a burguesia nacional, que é o setor progressista da burguesia, também é uma força revolucionária (houve na China uma luta de libertação nacional contra o imperialismo japonês), geralmente em semi-colônias.

Devemos agora falar não de modos de produção, mas de valores morais, políticos e filosóficos. É notável a aproximação do Linux com os ideais socialistas... Solidariedade, coletividade, igualdade social, compartilhamento, sem patentes, liberdade plena e coletiva (diferente da "liberdade" individualista burguesa que é proporcional à riqueza dos indivíduos). É impossível associá-lo a qualquer modo de produção ou sociedade específicos.

[11] Comentário enviado por rsbrsb em 02/03/2012 - 12:42h

E ONG é toda organização não ligada a um governo e sem o lucro como objetivo, que desenvolvem atividades - geralmente políticas (mas não são um partido político) - de interesse público.

[12] Comentário enviado por Teixeira em 03/03/2012 - 10:22h

Amigo Rodrigo:
Não estou aqui para dizer que você "está errado e ponto final".
Não é nada disso.
Ma se você ler novamente as minhas afirmações, constatará com grande facilidade que lá para os idos de 2001 (ocasião em que o amigo teria aproximadamente 10 anos de idade e estaria em uma fase escolar propícia para iniciar-se no assunto) os termos mencionados por mim já estariam distorcidos há décadas.

Muito do que pesquisamos hoje em dia nos dá resultados tendenciosos.
Até mesmo o dicionário Aurélio, sempre merecedor de nossa incondicional confiança no passado, já passou a publicar coisas não muito exatas, visando apenas o contexto de determinado vocábulo na atualidade, e não mais a etimologia, que a meu ver seria o mais importante.

Sua definição de ONG foge totalmente aos critérios, e está-me parecendo resultado do fenômeno conhecido como "ctrl-c + ctrl-v" (qualquer dia desses estará constando no Aurélio...).

"ONG" significa apenas, para todos os fins de direito, "Organização Não Governamental".

Portanto, qualquer empresa que não esteja vinculada a nenhum governo municipal, estadual ou federal, será por definição uma ONG.
E isso pode ser um bar, uma padaria, um posto de gasolina, um escritório de contabilidade ou advocacia, uma igreja, um centro espírita, um templo budista, etc, etc, etc, etc, etc...
Isso independe de querermos que seja assim, ou não.
Simplesmente é assim, e nada há que possamos fazer para evitá-lo.

Com todo o respeito, acho que o amigo deveria rever os conceitos aprendidos até então, e até mesmo fazer uma vistoria em suas fontes.
Sempre recomendo aos jovens que não se tornem literais, pois a literalidade pode conduzir a erros difíceis de serem contornados.

De qualquer forma, já vou avisando: Não sou nem pretendo ser "o dono da verdade". Portanto, o amigo não tem a mínima obrigação de acreditar no que estou afirmando. Minhas fontes provavelmente foram outras.
Se você expandir suas fontes de pesquisa, talvez venha a entender melhor este velho chato e teimoso que é o Teixeira...

Boa sorte!

Aproveitando: Parabéns por ter exumado esse tópico de 2009 (rsrs)...






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