Ter computador é o suficiente para Inclusão Digital?

Publicado por Marcelo Cavalcante Rocha em 07/05/2007

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Ter computador é o suficiente para Inclusão Digital?



Tal pergunta, que por muitos já foi usada como uma afirmação, nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido do termo Inclusão Digital.

Inclusão Digital não é apenas algo como matar a sede ou a fome de uma pessoa carente financeiramente, mas engloba toda uma cultura e filosofia por trás do ato de incluir alguém neste seguimento que é o mundo da tecnologia. É fácil fazer um ato filantrópico que aborde a fome de uma creche por exemplo, pois este ato resumiria-se a doações de alimentos, porém lhes pergunto se seria o mesmo com a Inclusão Digital, bastando apenas dar um computador para quem não possui um.

Em meu ver o termo vai além do verbo "dar" à quem não tem, afinal de contas de que adianta dar sem lhes apresentar e o que é a Tecnologia, como utilizá-la e como fazer dela um meio de interação com a sociedade?

A inclusão Digital é então tudo aquilo o que se compreende por tornar parte integrante da sociedade que gira em torno da tecnologia uma pessoa ou uma comunidade por inteiro. O ato de alfabetizar alguém no mundo da informática apresentando-lhe ferramentas úteis para facilitar suas tarefas diárias e informatizá-las tornando-as mais rápidas, eficientes e seguras.

O mercado de trabalho torna-se mais exigente a cada dia, trazendo nos dias atuas por padrão a exigência de conhecimentos básicos de informática, o que muitas vezes acaba por tornar-se uma porta fechada para grande parte da população de baixa renda e que não possui contato com este tipo de tecnologia. E é justamente este o público que mais deve ser focado em ações de Inclusão Digital, tais ações que felizmente vem crescendo e aparecendo cada vez mais.

Exemplos constantes de Inclusão Digital são projetos de comunidades regionais que se empenham em organizar eventos que visam a apresentação de tecnologias assim como palestras e mini-cursos voltados para todos os tipos de público que se mostrem interessados em aprender de forma gratuita e de qualidade.

Eu não poderia deixar de citar por exemplo a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, Fortaleza - CE, onde existe o Centro Digital do Ceará, modernamente equipado com 16 computadores IBM ligados à internet. Utiliza o sistema livre Linux, facilitando e incentivando o uso do correio eletrônico, além das pesquisas através do uso de bases referenciais e textuais disponíveis na rede. Tal projeto utiliza-se da tecnologia Multi-Head, o que traz uma grande economia em termos de Hardware e gastos já que baseia-se no uso de uma CPU para mais de um monitor, teclado e mouse, ou seja, no caso da Biblioteca 1 CPU para 4 usuários ao mesmo tempo.

Existe também, um projeto desenvolvido na Associação Cultural Cearense do Rock (ACR) por comunidades de software livre do Ceará, onde utiliza-se máquinas mais antigas, sem perder o desempenho, ou seja, utilizando somente 1 computador relativamente potente como servidor, podemos prover acesso a internet por exemplo para um pátio contendo 16 máquinas mais antigas e ainda assim ter um ótimo aproveitamento dos recursos computacionais. O maior atrativo do projeto é o fato de ter essa estrutura montada sem os típicos gastos com licença de Softwares devido ao uso dos chamados Softwares Livres.

Por fim a Inclusão Digital é mais que dar acesso, mas sim alfabetizar as pessoas sobre como fazer proveito deste acesso de forma a fazê-las presentes dentro desta sociedade.

Marcelo Cavalcante Rocha / Kalib
Tux-CE -www.tux-ce.org

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Comentários
[1] Comentário enviado por jragomes em 08/05/2007 - 00:34h

Gostei da sua abordagem. Inclusão Digital é muito mais do que dar acesso à internet para as pessoas.

Podemos notar que as pessoas estão comprando computador, mas continuam analfabetas (tecnologicamente e pedagogicamente falando). Podemos observar, aqui no VOL, o grande número de pessoas que escrevem "mecher", "estalar", "fasso", "faser"... ou seja, as pessoas têm computador, tem Internet, mas não tem alfabetização.

Eu acho que antes de dar computador, deveria-se dar educação. E engana-se o pai que acha que a aula de Informática que o filho tem na escola vai fazê-lo um cidadão digital.

[2] Comentário enviado por kueca grunge em 08/05/2007 - 09:06h

Acredito que é importante qualquer tipo de inclusão social, e que caridade não resolve, mas sim projetos sociais ......

Por isso estou fazendo minha Monografia sobre Inclusão digital(social) via Linux.

Então pesso caso tenham algum artigo,site ou opinião sobre o assunto, entrem em contato por:

msn : kueca_grunge@hotmail.com
ou
e-mail : anderson.roman@bol.com.br

Obrigado Andi

[3] Comentário enviado por tenchi em 08/05/2007 - 10:36h

Gostei muito da dica. Mas você poderia ter expandido mais o assunto, o que daria um ótimo artigo.

Acho que o conceito de inclusão digital é muito relativo, assim como o próprio conceito de alfabetização. Por exemplo: No Brasil, para ser considerado alfabetizado, é necessário saber escrever o próprio nome. Já em países mais desenvolvidos (se não me engano, França) é necessário saber escrever uma redação sobre o seu país. O Brasil já é atrasado nisso, como se pode ver. Um sistema de educação público ineficiente, que faz de tudo para se livrar do aluno (isso mesmo, passando ele de ano), sem menor critério de avaliação. Digo isso por experiência própria. Estudei minha vida toda em escola pública. Já vi gente na oitava série do ensino fundamental que não sabia ler direito. Não acho que o problema esteja com estes alunos. Também há aqueles que não se empenham em aprender mesmo. Aí não dá pra fazer nada.
Infelizmente o problema é bem mais complexo que isso. Por isso o que eu disser não vai adiantar muito.

Pois bem. Hoje estudo numa universidade pública (não sei como consegui passar sem cursinho.. rsrs). Mas vejo que as universidades públicas são dominadas por alunos que estudaram a vida toda na rede particular. E as faculdades pagas são freqüentadas quase que somente pelos alunos da rede pública. Mundo estranho este. Acho que o problema da inclusão digital é também parte de um problema como este.
kueka grunge, depois que vc apresentar sua monografia, escreva um artigo aqui no VOL sobre o assunto. Acredito que vai ser muito bom para a comunidade ;-)

Renato Russo, num show da Legião Urbana, no início da década de 90 (ou no final da de 80, não sei ;-)):
"85% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos não estão indo pra escola. Eu acho isso uma tristeza. Porque eles acabam indo parar: nas forças armadas. Quem foi pra escola sabe que os anos 90 ainda não começaram. Vai começar ano que vem, gente."

jragomes, acho que essa troca de letras e palavras erradas é um típico caso de semântica X sintaxe. ;-)

A dica já foi para favoritos. Está de parabéns. Ah. se vc quiser que a dica seja mais discutida, envie ela para o site br-linux. É lá que as discussões realmente acontecem. O VOL é um site para adquirir conhecimento. No br-linux a gente põe em prática o que aprendeu.. rsrs





[4] Comentário enviado por fsemradar em 09/05/2007 - 00:01h

Parabéns pela dica, também concordo que esse assunto deva ser expandido.

Falo por experiência própria, sou monitor estagiário de meio período num excelente projeto de inclusão digital na região da baixada fluminense no Rio de Janeiro. São vários pólos (CID's) em diferentes bairros da região. Cada um equipado com 10 máquinas, 9 clientes e 1 servidor.

Temos serviço de acesso à internet de alta velocidade gratuitamente, onde cada cidadão faz seu cadastro e têm direito a acessar.

Além disso os monitores e atendentes (são 5 e 1 supervisor) são treinados para oferecer total suporte à população que conta com serviços como:

INSS
Consulta processual
Trabalhos escolares
Curso básico
e etc

É um excelente projeto. Um exemplo que pode dar certo em todo Brasil, vejam o link: http://www.institutodecide.org.br/

Infelizmente os problemas enfrentados aqui são grandes, dá até pra dar curso, ensinar a usar a máquina, disponibilizar o acesso e etc. Mas a população ainda encontra diversas dificuldades, a maioria não passa do ensino fundamental, alguns analfabetos...

Também concordo: o que adianta tecnologia sem educação???

[5] Comentário enviado por gibass em 06/08/2007 - 11:17h

dar um computador realmente não é uma forma de inclusão perfeita.... Seria inclusão mesmo ou exclusão??? Se a pessoa não sabe mecher, ela não se sentiria ofendida ao receber uma máquina q considera um bicho de 7 cabeças. Primeiro educação e ensino teórico. Depois prática.
=)

[6] Comentário enviado por joaopalmeida em 07/01/2008 - 15:37h

Concordo plenamente..Na sua grande maioria só há pessoas q usam msn e orkut, deixando de lado todo beneficio intelectual q a web pode trazer.

[7] Comentário enviado por Teixeira em 10/05/2008 - 17:35h

Infelizmente a maioria das pessoas aprende apenas a ligar e desligar o computador, abrir e fechar pastas, "catar milho" no Word e - quando muito - abrir e fechar planilhas no Excel.
" Saum uzuarius do Yorgut e S2 o MSN. rsrsrs "
Mas desconhecem como redigir, como montar planilhas, como fazer uma simples pesquisa.
Ocupam horas a fio na lan house ou até mesmo possuem um PC em casa, todavia não se pode dizer que possam ser contados entre os verdadeiramente "incluídos".

[8] Comentário enviado por kalib em 11/05/2008 - 08:50h

De fato Teixeira...
Praticularmente, só considero incluso aquele que possue os conhecimentos básicos sobre aquela tecnologia bem como saber usar isto a seu favor...nao me refiro aqui a aprender a usar o orkut e perder horas ali sem produzir nada efetivamente falando....mas sim se aproveitar da tecnologia como uma forma de se desenvolver ainda mais, seja socialmente ou mesmo profissionalmente.

;]

[9] Comentário enviado por fernandgoncalves em 04/04/2009 - 23:25h

Olá!

Assunto cada vez mais atual diante da 'superficialidade' de programas públicos de inclusão cuja oferta maior é 'permitir o uso
de computadorecomunicantes'.

Penso que a ação de incluir o morador do lugar na Sociedade do Conhecimento passa pelo acesso fácil as informações que
possibiitam a ele se situar na Sociedade (municipal) em que vive. Isto é ter acesso ao valor e sinal de grandezas sociais
variáveis (oportunidades, potencialidades e necessidades) que lhe possibilitam usufruir do estado democrático de direito
(república brasileira).

Para tanto frequentadores de telecentros precisam estar expostos a 'algo mais' que a liberdade de navegar na internet, aos
aplicativos desktop.
Eles precisam verdadeiramente ser apresentados às linguagens de programação, aos diferentes sistemas operacionais,
as inumeráveis Instituições acessíveis pela WEB.

Muito necessário é fazer o educando vivenciar a Filosofia da Liberdade como propalada pela Comunidade GNU/Linux.
Imprescindível motivá-lo a 'exercer o poder cidadão' através do ativismo na Internet cobrando da Administração da
Sociedade (municipal) visibilidade dos negócios sociais na internet.

Inclusão Social a partir dos 'computadores comunicantes' vai muito além da explicação do funcionamento dessas máquinas,
ensino de linguagens de programação. A alfãbetizaçãodigital bem orientada conduz ao exercício do poder cidadão, à Liberdade.



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