paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 02/08/2021 - 06:41h
Porque muitas pessoas gostam daquilo que já estão acostumadas e, se não tiverem alguma motivação para aprender algo novo, podem torcer o nariz para funcionalidades ou comportamentos diferentes daqueles com os quais está acostumada, no que pode lhes parecer diferenças gratuitas e desnecessárias, que só servem para atrapalhar.
Além disso, existe uma questão histórica, e que até hoje deixa seus efeitos em vários nichos: muitos aplicativos que existem e são populares no Linux ou não existem para Linux, o que, por si só, já aliena completamente usuários de tais aplicativos. Em outros casos, menos graves, tais aplicativos podem existir, mas apenas em versões com menos recursos (por exemplo: a versão de avaliação do Microsoft Teams para Linux, se comparada à versão nativa do Windows), ou existem apenas aplicativos que funcionam como alternativas (por exemplo: o Gimp como alternativa ao Adobe Photoshop, ou o LibreOffice como alternativa ao Microsoft 365) e que não reproduzem completamente todos ou recursos ou apresentam tais recursos em lugares distintos ou com comportamento diferentes do que as pessoas têm como referência, o que, de novo, pode provocar reações de nariz torcido por parte de quem é mais avesso a mudanças e não possui motivação de aprender algo diferente.
Tomando a mim mesmo como exemplo, eu sou usuário de sistemas livres desde 1993, quando comecei a usar NetBSD na faculdade, em terminais seriais de texto puro. Só usava porque tinha de usar, e ficava revoltado com algumas diferenças; em particular, eu detestava editar textos com o
vi (que, tempos depois, eu vim a amar). Em pouco tempo, eu inverti as preferências, mas teve uma motivação muito importante: a capacidade de usar e de desenvolver aplicações para a Internet, algo que, na época, era muito mais difícil de fazer com Windows. Na época, era UNIX para coisas sérias, Windows para usar Word (ou, raramente, Excel), e MS-DOS para jogos. Algum tempo depois, especialmente quando saiu o Star Office (eu comprei a versão 5.2 do Star Office, antecessor
closed source do LibreOffice, na época em que ele foi disponibilizado pela Sun Microsystems para Linux), eu parei de usar o Windows até para Word e Excel, e, como já havia alguns jogos decentes para Windows nesse tempo, eu dizia que Windows só servia para jogo.
Aí a gente amadurece, e vê que tem muita coisa que só existe para “o outro” sistema, que não é o nosso favorito, e faz a devida concessão nessas áreas. E também precisa usar mais planilhas do que quando era universitário, e descobre que o Calc do LibreOffice é incomparavelmente mais lento e mais limitado do que o Excel, e que, mesmo ainda sendo um ótimo processador de textos, usar o Writer do LibreOffice limita gravemente a gente de trocar documentos não apenas com o resto do pessoal do trabalho, mas também com a escola da filha, e aí para de apagar o Windows que vem preinstalado no notebook, passando apenas a reduzir tamanho total da partição, para poder usar com
dual boot. Pouco depois, compra o VMware Workstation e o Windows para ter como usar também no
desktop, ainda que com alguma inconveniência e perda de desempenho, mas precisa por causa do Office e dos programas que tem de desenvolver para Windows no Visual Studio, por causa do trabalho. Aparecem vários títulos no Steam para Linux (com atraso em relação ao Windows, e também com alguns
bugs chatos, mas com os quais a gente aprende a lidar porque não tem
dual boot no
desktop e o desempenho do jogo que não funciona através da emulação do Steam fica insuportavelmente lerdo dentro do VMware) e, de repente, o Linux é que virou plataforma de jogos, e não os jogos topo de linha. Programar para Linux continua sendo mais fácil do que para Windows, mas não tão fácil como no passado, por conta do mundo de coisas que apareceram no caminho, e programar para Windows se mostrou não tão complicado assim, mas apenas diferente, e com muito melhor documentação.
E aí a gente pensa de novo que “a Microsoft tem essa estratégia de
lock-in” dos usuários, mas a gente percebe que o Google também tem, e a Apple também, e a Samsung, e o Facebook, e a Red Hat, e a Canonical. Opa! Red Hat e Canonical?! Xi...
De repente aquela ideia de aposentadoria já não soa mais tão detestável assim...
... Então Jesus afirmou de novo: “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10:7-10)