A rede: os dados que dizem respeito a nossa vida, quem cuida deles?
Quem viu o filme A Rede não deve ter dúvida nenhuma sobre o perigo de se ter toda a vida de alguém armazenada em um sistema do qual não temos conhecimento quase nenhum do seu funcionamento interno.
Era só uma ficção pueril? Nem tanto. Às vezes a vida imita a arte. A propósito, não é boa política para um banco ou repartição pública sair por aí divulgando os pontos fracos dos sistemas que guardam nosso dinheiro, nossa aposentadoria ou até mesmo a nossa segurança pessoal. Nenhum sistema é perfeito, sabemos disso. Mas de que imperfeição estamos falando, homem branco?
Em um sistema de código aberto pode-se discutir e tentar corrigir o problema. Ainda no filme A Rede, a empresa proprietária do software defeituoso tenta esconder o defeito e usa de todas as artimanhas imagináveis para conseguir isso. O protagonista do filme é simplesmente apagado dos bancos de dados da vida. Assim como ele, também não percebemos que os dados da nossa vida estão cada vez mais se transformando em dígitos binários e isso é talvez uma outra faceta da nossa alienação: criamos uma tecnologia para dominar o mundo, e ela começa a nos dominar.
Existe saída? Em um labirinto muito complexo a primeira coisa que procuramos é o fio de Ariadne que desenrolamos no percurso antes de combater o Minotauro. Isso se torna então uma questão vital: só há saída para o labirinto se conhecemos o seu segredo, logo o código aberto é o fio de que precisamos. Aqui já se percebe que esse negócio de Software Livre e Aberto não é apenas chavão de rebeldes sem causa. Poderíamos alinhavar um dúzia mais de outros argumentos sólidos a favor dele, como por exemplo: "Já imaginou o mundo atual se o Teorema de Pitágoras ou o Cálculo Diferencial e Integral fossem idéias proprietárias?".
Código aberto já é artigo de primeira necessidade, não porque muitos acreditam nele como uma arma na luta do bem contra o mal - o que também pode ser válido -, mas como exigência de um cenário onde cada vez mais racionalidade e senso crítico são imposições concretas da vida.
Aquela Angela Bennett (Sandra Bullock) era uma heroína muito solitária e, no início, ingênua. Felizmente a comunidade do software livre é muito mais do que isso. As suas idéias já contaminaram outras atividades intelectuais e a frase "compartilhar conhecimentos" já não soa tão estranho: é a explicitação de algo que já faz parte do nosso modo de ser. Só precisávamos nos lembrar dela.
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1. A rede: os dados que dizem respeito a nossa vida, quem cuida deles?
[2] Comentário enviado por woclandiner em 20/07/2009 - 15:06h
Chega a dar medo imaginar que cada vez mais estamos à mercê da tecnologia, né ?! Quase um matrix, um outro mundo do qual somos totalmente dependentes. Trabalho principalmente com internet e vejo cada vez mais serviços e dados crusciais sendo colocados na internet e o acesso é cada vez mais critíco para um número maior de empresas. Bom, temos que trabalhar bastante para manter tudo isso funcionando, se não estudarmos bastante e der algum problema seria um caos, né ?!
[3] Comentário enviado por pinduvoz em 20/07/2009 - 17:38h
Pessoal, um artigo passa ao leitor uma opinião, uma idéia ou um tema para discussão.
O autor não precisa esgotar um determinado assunto, pois neste caso teríamos uma dissertação e não um artigo.
Apesar de sucinto, o artigo (é artigo mesmo) acima passa a opinião do respectivo autor sobre o assunto abordado, além de incentivar a discussão do mesmo assunto. E, vale ressaltar, trata-se de texto bem escrito.
[4] Comentário enviado por helton2011 em 24/07/2009 - 17:20h
Goistei muito do trecho do artigo:"...não percebemos que os dados da nossa vida estão cada vez mais se transformando em dígitos binários...", isto é a mais pura verdade, porque se observamos bem, tudo em nossa volta é sistemas de computação.