Ubuntu como sistema da China

25. Re: Ubuntu como sistema da China

Sergio Teixeira - Linux User # 499126
Teixeira

(usa Linux Mint)

Enviado em 27/03/2013 - 12:29h

Gostaria de dar uma opinião:

Nenhum governo, seja comunista, socialista, capitalista ou o que for, tem interesse algum em "manter o povo na ignorância e na miséria".
Para qualquer governo é importante haver pessoas que possam representar seu país condignamente, seja na ciência, na cultura, nos desportos, etc. e os governos investem nisso tanto quanto possível.
E se isso não acontece na proporção que seria ideal (sim, existem povos inteiros mergulhados na mais profunda ignorância, miséria e total falta de dignidade), é por causa de lobbies que, visando seus próprios interesses imediatistas, atrapalham a correta governabilidade das nações.

Vejam o caso dos Estados Unidos, tidos por alguns como "algozes da humanidade": Todas as ações ofensivas e repressivas dos Estados Unidos foram provocadas não pelo povo americano, mas por ações lobbistas.
Se dependesse realmente do povo e de seus representantes honestos, o Pentágono não arranjaria verbas tão grandes para operações militares.
Tanto lá quanto aqui, não adianta nem mesmo saber votar bem. Votar o povo vota, mas sempre há "alienígenas" eleitos...
(Há diferenças, pois aqui não se frauda a urna, mas o político indesejável entra pela janela mesmo. aliás, parece até que nós estamos de marcação: Tudo o que nos causa algum mal ou prejuízo, vem através de janelas) (*)...

Acontece que o povo não sabe investir em si, não procura destacar-se em nada.
Um jovem com visíveis pendores matemáticos, científicos, desportistas, etc. é disputado em qualquer parte do mundo como preciosidade seja nos regimes de Fidel Castro, Hugo Chaves, Dilma Roussef, Barack Obama, etc.
Igualmente ocorre nos Emirados ou nos países socialistas.

Porém a maioria dos países não investe na massa popular, mas apenas no "Jonathan Seagull" ("Fernão Capelo Gaivota"), aquele que se destaca.
Tenho um casal de amigos que se formou em Medicina aqui no Brasil e foi para a Suiça, com a clara intenção de clinicar por lá.
Porém nosso diploma não é válido naquele país, e eles tiveram de fazer um exame de proficiência (foram reprovados no primeiro) que lhes deu direito a ingressar no terceiro ano da Faculdade (Lá, o curso de Medicina dura nada menos que 9 anos).
O governo percebeu o enorme interesse delas e investiu em sua carreira profissional, fornecendo-lhes alojamento, alimentação, aulas intensivas de Alemão e até uma ajuda de custo.
Eles hoje são médicos formados na Suiça, têm um excelente salário, e eu lhes pergunto: O que é que eles vêm fazer mais por aqui, senão passear de vez em quando?

Então o que afirmo é que o investimento existe, quando se percebe que vale a pena, que vai haver um bom retorno.
Claro que no meio desse processo, sempre haverá algum que fique de fora, pois não conseguiu visibilidade suficiente.
Afinal, exceções também existem.

Quanto à China adotar o Ubuntu, em boa parte é por causa da economia com licenças (eles por lá, ao contrário daqui, sabem fazer contas), e em parte pela padronização que para eles é muito necessária.
Os motivos, os colegas já mencionaram.

A propósito, hoje em dia as nações não são mais divididas entre "capitalistas" e "não-capitalistas" pois todos os regimes se tornaram de alguma forma partidários de uma porção tida como benéfica do capitalismo. Embora não se adote o chamado "capitalismo selvagem", mas sim uma forma eclética, onde eles podem continuar com seus antigos regimes socialistas ou comunistas e ao mesmo tempo fazer empreendimentos lucrativos, onde ganham a nação e também a iniciativa privada, mas sempre sob os olhares atentos do governo.
Ocorre que as países declaradamente capitalistas se globalizaram de uma forma, e os do bloco socialista/comunista também se "globalizaram", porém mantendo uma grande individualidade.
Agem como capitalistas perante os demais países, porém internamente não mudam de regime.
Como já foi mencionado pelos colegas, há toda uma cultura, toda uma tradição, que não pode simplesmente ser quebrada de uma hora para outra.


(*) Everything that causes us harm or injury, comes through windows



  


26. Re: Ubuntu como sistema da China

Luciano
Rei Tenguh

(usa Arch Linux)

Enviado em 27/03/2013 - 12:39h

Concordo plenamente com todas essas afirmações.
Quando me referi a esse fato como "maquiavelismo pensando na educação" fiz referências a alguns possíveis propósitos "perigosos", mas não se pode negar a sabedoria contida nesse processo.

Deixa contar um detalhe curioso: um sujeito aqui da minha cidade trabalhava em uma empresa de telecomunicações, com salário de empregado de baixa função. A coisa de 3 ou 4 anos atrás, foi chamado pela China pra encabeçar um projeto, ganhando mais de 15.000. Sabe por que, por que que ele foi tão valorizado pelos olheiros chineses? Porque usava bem sistemas Linux.


27. Re: Ubuntu como sistema da China

Xerxes
xerxeslins

(usa openSUSE)

Enviado em 27/03/2013 - 15:43h

Amigos, gostei muito do que disseram aqui e aprendi com o texto de Teixeira!

Fugindo um pouco do tópico...

queria lembrar que é completamente possível um governo querer destaque internacional, investindo em alguns talentos, e ao mesmo tempo se esforçar para deixar uma grande parcela do seu povo em condições péssimas de propósito, sem cultura, sem educação, e com muita alienação.

Acho que todos aqui devem ter uma ideia do que a Coréia do norte (ironicamente uma República Democrática) faz com o seu povo.

O governo literalmente escraviza o seu próprio povo, muitos morrem de fome, tira deles os seus direitos desde o nascimento com a desculpa de que estão pagando pelos erros dos ancestrais, e os mantem em campos de concentração desde o nascimento, isolados do mundo.

O povo mais esclarecido, que não faz parte dessa classe de escravos, são totalmente alienados e consideram os ditadores como seres sagrados.

Isso foi só para mostrar que há exceção e que é possível que governos que se esforcem para manter seu próprio povo alienado sim.

Se isso acontece nos outros países, em maior ou em menor grau, em alguns grupos sim e em outros não, eu não sei... não entendo nada de política, infelizmente. Mas que é possível, é.


Edit: vejam esse curto vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=ZGVyc3zT6LE

Eu sei disso porque eu li Fuga do Campo 14 e recomendo a leitura.



28. É muito bom!

Rodrigo
rodrigocontrib

(usa Debian)

Enviado em 12/06/2013 - 04:17h

Se a china respeitar a licença vai ser perfeito, via de regra a mesma trata que todo o codigo alterado deve ser aberto.
Sinceramente se a china respeitar isso, teremos como analisar literalmente se os chineses querem moldar o Linux para controlar a população ou se realmente o software servirá para a liberdade.
Se tudo ocorrer da forma esperada, seria perfeito bilhoes de chineses pensando e desenvolvendo software livre para a comunidade global.

Muito bom mesmo!!!!


29. Re: Ubuntu como sistema da China

Sergio Teixeira - Linux User # 499126
Teixeira

(usa Linux Mint)

Enviado em 12/06/2013 - 12:24h

O perigo é aparecerem umas distros do tipo xing ling... rsrs


30. Re: Ubuntu como sistema da China

Luís Fernando C. Cavalheiro
lcavalheiro

(usa Slackware)

Enviado em 12/06/2013 - 12:32h

O ponto aqui, ao meu ver, é que é sim possível manter um povo alienado ao mesmo tempo em que promove um [*****] desenvolvimento tecnológico (a Alemanha de Hitler é o exemplo mais marcante disso). A China, o Japão e os EUA trabalham bem nesse sentido, e por isso são potências (arrisco: não é possível para uma nação ser uma potência caso seu povo não seja ao mesmo tempo alienado e desenvolvido tecnologicamente - ter apenas um desses dois não serve pra nada).
A China quer abocanhar mais do que parece, e para isso eles precisam do know-how de caras como o Shuttleworth. Tenho medo do PCC, e não falo do Primeiro Comando da Capital...



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