paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 03/03/2017 - 13:32h
O tópico do Reddit, indicado acima, é “engraçado”, mesmo sendo sério.
(Este aqui, porém, é sério de todo: nosso colega já começou dizendo que perde um bocado de dinheiro com essas porcarias.)
Uma coisa impressionante, lendo o tópico do Reddit, mas trazendo-o para o nosso contexto, é como a linguagem é carregada de conteúdo sexual, especialmente nas gírias. Um monte de mensagens lá no Reddit fala de como o cara tem de ser “
f**king” resistente para não partir para o “cinco contra um”. Não é “
very”, nem “
very much”, é mais que isso: é “
f**king”. E lá, na mesma frase que supostamente deveria incentivar o cara a não pensar em sexo, há um adjetivo que explicitamente faz referência a sexo, e de modo bem vulgar e rasteiro.
Aí a gente pensa... Na frase acima, eu ia escrever “... deveria incentivar o coitado a não pensar em sexo”. Mas o que é um “coitado”?
Quando a gente pensa que alguém ou alguma coisa é muito boa, diz que essa pessoa ou coisa é f***. E diz o mesmo quando é muito ruim ou desagradável. Ou seja: a gente xinga gratuitamente com uma palavra que, nos fim das contas, que não significa nada além do xingamento em si, já que não faz sentido significar, ao mesmo tempo, uma coisa e o seu contrário.
O “ca****o” vive sendo evocado, assim como a “p***a” que ele cospe, a qual, por sua vez, serve como interjeição, expletivo, adjetivo ou pronome em qualquer situação. Também a “p**a” vive nas bocas, frequentemente dando a luz a desafetos.
(Notem que eu tive de inverter o evocado e a que vive nas bocas, para não ficar muito impróprio.)
E existem aquelas coisas que a gente nem sabe ou lembra que são de cunho sexual, desde os supostamente inocentes (não que o sejam, mas que, por assimilação à linguagem, já deixaram de ser considerados francamente obscenos, e provocam pouco ou nenhum constrangimento, sobretudo aos mais novos), como o “saco” (da anatomia masculina) e o “chato” (um parasita venéreo), até os mais ofensivos, como a “bab**a” (que é originalmente um nome dos mais vulgares para as partes femininas -- sua tradução para o Inglês, “c*nt”, é considerada _a_ palavra mais ofensiva do idioma, mais ainda do que “f**k” e suas variações).
Eliminar a pornografia é necessário, mas não é apenas uma questão de não aceder a determinados
sites ou evitar comprar certas revistas na banca de jornais. A oferta está presente, como eu disse acima, até na linguagem que se usa. Mais ainda na Internet, inclusive na forma de propaganda com consideráveis níveis de erotismo veiculada em sites que nada têm a ver com sexo, e até mesmo de produtos que, em princípio, também nada têm a ver com isso.
Só para dar uma ideia, ontem mesmo, aqui neste
site do Viva o Linux, eu recebi um
banner do Second Life (que eu achava que já nem existia mais) que tinha nada menos do que dois avatares de mulheres, sendo que um estava de costas, vestindo um vestido que nada teria de provocante, mas com algo que parecia ser uma calcinha arriada, enquanto o outro avatar lhe dava toda a impressão de estar lhe acariciando as costas e de estar prestes a beijar-lhe a boca. Agora, notem:
- o VoL não é um site de pornografia;
- o tópico que eu estava lendo era sobre recomendação de notebooks, nada a ver com o anunciante ou com o a forma do anúncio;
- eu nunca acedi ao Second Life;
- nunca procurei saber sobre o Second Life em nenhum site de busca;
- nunca procurei conteúdo lésbico na Internet.
Logo, concluo que não foi propaganda direcionada, mas sim algo totalmente aleatório. Felizmente, nada me interessa nem mexe comigo (se bem que mexeu o suficiente para eu lembrar do caso). Mas esse tipo de coisa provavelmente mexe profundamente com muita gente; gente vulnerável, que se vicia, que perde dinheiro e vida.
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Eu não tenho resposta para a pergunta original. Remover o acesso de root não adianta -- um simples boot com CD ou DVD basta para desfazer qualquer
lock-out que se venha a fazer.
No entanto, eu sinceramente acho que não dá para tentar tirar a pornografia da vida apenas deixando de entrar em sites de
webcams. Isso tem de ser feito, é claro, mas é apenas a ponta. Ainda no campo de TI, seria necessário limpar todo o histórico visitas e de buscas em
sites, coisa que provavelmente não reside só no micro local, mas está também (e principalmente) lá nos servidores do Google, Facebook e outras redes sociais que se frequentem. Se não for possível limpá-los, talvez seja melhor detonar as contas já existentes e criar contas novas. Uma mudança de companhias pode ser necessária, também.
E eu sinceramente acredito que é preciso mudar inclusive a linguagem. Falar em termos obscenos é dar lugar a obscenidade. Basta um passinho a mais para passar do falar com os termos dela para falar
sobre ela, e depois para querer observá-la, até se dispor a pagar por ela.
Outros hábitos podem ter de ser alterados também. Estar bêbado ou sonolento costuma atrapalhar o controle da libido. Possivelmente ajudaria reduzir a bebida e aumentar o tempo de sono.
Se se paga aos
sites com cartão de crédito ou conta no Paypal, convém fechar essa conta no Paypal e trocar o número do cartão de crédito -- ou mesmo cancelá-lo, se preciso for.
E procurar ajuda. Profissional (i.e. psicológica, que eventualmente poderá encaminhar para complementação psiquiátrica, se se perceber alguma compulsão além do alcance da Psicologia), mas não somente: grupos de apoio também podem ter algum valor.
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Várias igrejas, por exemplo, contam com programas de recuperação. Um que eu conheço, e do qual participo (por outras razões, incluindo vício em jogar no computador), se chama “Celebrando a Recuperação”, e é ministrado em várias igrejas evangélicas. Não é um programa de terapia clínica -- isso e feito pelo profissional de clínica, seja psicológica ou psiquiátrica --, mas não deixa de ter efeito terapêutico, na medida em que ajuda você a cuidar e tratar de si mesmo, com o apoio de outras pessoas em situações análogas à sua.