hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 29/05/2017 - 19:41h
6 meses sem celular... parabéns, você é um guerreiro! Eu bem que gostaria de fazer algo assim, só pra ter essa sensação de novo, coisa que há uns 13 anos eu não experimento. Desplugar, desconectar, sair da Matrix. Mas como não uso Facebook, o celular ainda é a maneira mais eficaz que tenho de manter contato com as pessoas.
E aí volto a falar em aprisionamento tecnológico, parece que esse tema me persegue e já to vendo a hora que vou ter que escrever um artigo sobre isso.
Pra quem não sabe do que to falando, por favor leia:
https://en.wikipedia.org/wiki/Vendor_lock-in
O caso dos celulares se enquadra na categoria technology lock-in, isto é, uma dependência coletiva de uma tecnologia não monopolizada (se bem que aqui no Brasil não estamos muito longe disso).
Já no caso do Facebook, é mais grave, pois se enquadra na categoria collective vendor lock-in, ou seja, a dependência coletiva de uma tecnologia monopolizada. Afinal, o Facebook trabalha sobre um protocolo fechado, não conversa com outras tecnologias e portanto se você depende do Facebook para se comunicar, sair do Facebook será um processo penoso e custoso.
A solução é sempre buscar padrões abertos. Um exemplo louvável é o XMPP. Um protocolo aberto para mensagem instantânea. Você pode escolher qual provedor usar (que inclusive pode ser algum que você mantém), e pode escolher qual cliente XMPP prefere usar. Existem inúmeras opções, para desktop e para dispositivos móveis. Muitos deles são multi-plataforma, inclusive. Poder escolher é muito importante para garantir nossa autonomia, pois assim nunca ficamos reféns de um serviço específico, que pode mudar suas políticas a qualquer instante, e quando isso acontece não temos a opção de abandonar o serviço (não sem um alto custo, pelo menos).
Outro exemplo, bastante conhecido, mas assim como o XMPP, muito subestimado, são os serviços de e-mail, baseados em protocolos abertos (SMTP, IMAP, POP). Ou ainda, um outro que ainda está em pleno uso, é a própria Web, que só funciona graças aos protocolos e padrões abertos que usa (HTTP, HTML, CSS e Javascript), mas foi gravemente ameaçada pelo Flash (felizmente hoje quase extinto).
Ainda, um outro exemplo interessante são redes como Diaspora* e Friendica que são federadas (descentralizadas) e também operam sobre protocolos abertos. O conteúdo publicado em um servidor é replicado para os demais e assim torna-se coletivo.
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Atenciosamente,
Hugo Cerqueira