paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 15/03/2021 - 02:14h
Caro SamL, há quanto tempo não o via!
Eu tenho uma filha. Sempre dei Lego a ela para estimular a criatividade, e sempre achei Barbie uma porcaria consumista.
Ela pouco brincou com Lego. E adora (ou adorava — já está passando para outra fase) brincar com boneca — especialmente Barbie, e, com quanto mais rosa-choque, melhor. Ela tinha talento para os quebra-cabeças, mas preferia o fogãozinho e panelinhas de plástico. O carrinho de controle remoto só servia como depósito para as pilhas.
Eu nunca acreditei que fosse um mal, em si, que meninas e mulheres praticassem certas atividades e que meninos e homens preferissem outras. Mesmo dentro de nossas casas — pelo menos para aqueles que tivemos o privilégio de ter sempre um pai e uma mãe debaixo do mesmo teto — sempre tivemos situações de procurar prioritariamente a mãe, e situações em que fazia mais sentido procurar o pai primeiro. Isso não tem a ver com o papel esperado ou aprendido, de cada um na família?
Não acredito em quem diz que não existem diferenças essenciais entre mulheres e homens, ou em quem diga que as diferenças observadas são exclusivamente culturais. É evidente que há diferenças naturais, não apenas de formato, mas de comportamento. Quem vai negar, por exemplo, que hormônios influenciam comportamentos? Ou quem vai negar a existência de comportamentos distintos entre os sexos em outras espécies de animais? O “patriarcado” entre leões e entre lobos também são construções sociais? E o “matriarcado” entre hienas e entre elefantes, é o quê?
É também inegável que há certas ideologias e sistemas religiosos e formas de governo que oprimem as mulheres. O islamismo, por exemplo, é um sistema religioso e, ao mesmo tempo, prescreve uma forma de governo, e explicitamente diz que as mulheres são intelectualmente deficientes (Corão 2:282, Sahih Al-Bukhari 2658), moralmente depravadas (Sahih Al-Bukhari 1052, Sahih Muslim 142), devendo ser punidas fisicamente por seus maridos (Corão 4:34, Sahih al-Bukhari 5825), precreve que mulheres tomadas como espólio de guerra podem ser livremente estupradas por muçulmanos (Corão 4:24), promove a mutilação genital feminina (alguns dizem que apenas culturalmente, outros dizem que como parte da própria religião), entre outros absurdos e assimetrias, tais como o mesmo homem poder ter até quatro esposas fixas (fora as prisioneiras de guerra, escravas e mulheres avulsas em casamentos temporários) e a amamentação de homens adultos. Outro sistema opressor de mulheres é o sistema que existe sob o regime comunista chinês: insuspeito de ser religioso como o islamismo, este envolve aspectos culturais e políticos que fazem com que diversos casais limitados a um único filho deliberadamente matem crianças nascidas do sexo feminino, por entenderem que terão piores perspectivas de vida do que meninos.
Por mais que se reclame no ocidente, com maior ou menor razão — e eu arriscaria dizer que com frequência é com menor razão — do sistema misto judaico-cristão no campo da religião e moralidade e greco-romano na filosofia e nas leis, ele está MUITO LONGE de se parecer com o islamismo ou com a cultura sócio-política secular chinesa. Curiosamente, no entanto, nossos SJWs de cada dia preferem atacar não estes terríveis e explícitos opressores, mas aquele, no qual o espaço para a ação das mulheres é muito mais amplo e a tolerância muito mais desejada e estimulada.
Não vejo como refletir inclinações naturais médias de cada sexo — exceções existem, sim, mas continuam sendo excepcionais — em aspectos da cultura ou até das leis possa ser considerado fundamentalmente opressivo. Mais opressivo me parece ser a repressão ostensiva de tais inclinações naturais ou forçar indivíduos a agir todo o tempo contra sua natureza. Se, em média, mulheres tendem a ser solidárias, cuidadoras e cautelosas, temo sinceramente que forçá-las socialmente a se tornarem individualistas, indiferentes e agressivamente ousadas possa ser um veículo para vidas mais propensas a desequilíbrios emocionais, da mesma maneira que tolher a natureza, em média, mais competitiva, territorialista e conquistadora dos homens, como se o desejo de ser um vencedor — não apenas sobre outrem, mas inclusive, e principalmente de si mesmo — fosse um grande pecado, talvez o maior de todos.
Experimentos sociais que negam constatações óbvias da biologia de homens e mulheres estão fadados a produzir maus resultados, que instabilizam e instabilizarão qualquer sociedade onde seguirem sendo implantados ou impostos, produzindo homens e mulheres cada vez mais instáveis emocionalmente e espiritualmente, incapazes de manter ou mesmo de desejar, entre outras coisas, relacionamentos duradouros, o que, por sua vez, produz uma nova geração de filhos ainda mais inseguros, por estarem imersos na mesma ideologia de confusão, e sem modelos de seus pais em que se inspirar positivamente e se sustentar.
Na minha casa, com minha filha, eu fiz um experimento social: na minha limitação em conseguir entrar na mente de uma criança (eu não tinha imaginação de criança nem quando era criança, ainda menos depois dos quarenta!), e menos ainda na cabeça de uma menina, e acabei cercando-a de uma porção de coisas e atitudes “de menino”. E ela sempre preferiu tudo o que era estritamente “de menina”, mesmo sem estímulo para que o fizesse — e até, diria eu, com estímulo contrário.
Construção social uma ova!
Quanto ao título da mensagem, meu conselho é este: na medida do possível, deixe a criança escolher o brinquedo. Se for para induzir, induza ao aprimoramento intelectual, quiçá com resultados palpáveis, não ao que promove especificamente o comportamento X ou a atitude Y. Se a menina gosta de fogãozinho, considere, por exemplo, um que brinquedo permita fazer comidinhas de verdade. Se o menino gosta de jogos de competição, considere aqueles que lhe permitam adquirir conhecimentos ou habilidades, em vez de apenas passar o tempo.
... Então Jesus afirmou de novo: “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10:7-10)