Fabio_Farias
(usa openSUSE)
Enviado em 11/12/2018 - 18:31h
Não tem alguma forma desses computadores serem formatados e receberem alguma distribuição Linux?
Não. E os motivos são os elencados pelo Xplat. E eu vou mais além ainda. Só para dizer da Secretaria de Saúde que é onde trabalho, existem softwares próprios de gerenciamento financeiro, clínico, hospitalar, de monitoramento e mapeamento e situações de risco, de regulação de leitos e muitos outros. Os funcionários aprenderam a usar Windows e como eu disse anteriormente, toda e qualquer mudança é muito lenta, então certamente continuarão usando aquilo que já sabem usar. Quanto a treinamento, esquece. Eu mesmo recebi pouquíssima instrução sobre meu próprio trabalho o que dizer de treinamento em informática. O requisito para ingresso, por ocasião do concurso público, era ter conhecimento de informática. Ou seja, esse conhecimento tinha que "vir de casa", pois certamente ninguém o daria lá. Alguns softwares livres são incentivados. Alguns programas como o e-protocolo só funcionam no Firefox. LibreOffice vem instalado por padrão, juntamente com o MS-Office. Acaba que as pessoas usam aquele que já conhecem.
É uma grande desvantagem o uso de software proprietário em setor público.
Depende. Pelo pouco que sei, o custo dos softwares não são repassados uma vez que (quando são comprados e é raro) os computadores são adquiridos por licitação e os softwares não entram no edital. Além disso, os softwares livres são gratuitos mas se fosse treinar todos os funcionários os custos também seriam altíssimos. Só na secretaria que trabalho existem mais de 10.000 funcionários em 399 cidade diferentes.
Indicaria um Debian ou um Slackware com Xfce configuradinho. Quanto a programas, há o Wine além de muitas alternativas boas aos programas convencionais, como o LibreOffice, que pode atender às necessidades de escritório do setor.
Nenhuma dessas distros seria indicada para os usuários aqui. Não é só de ofícios e memorandos que vive um setor público. É muito maior que possa imaginar. Logo, só aplicativos de escritório não resolvem. Para algumas pessoas se você mover um ícone ou um atalho do lugar ela já não saberá o que fazer. Mas não os culpo. Geralmente são pessoas que não cresceram com a tecnologia e foram obrigadas a aprender ,muitas vezes depois de mais de 20 anos trabalhando sem precisar dessa tecnologia. É preciso compreender que nem todo mundo gosta de informática como nós, usuários de linux. E isso não é errado.
Mas veja só. O Estado aqui tem seu próprio Linux. Uma versão derivada do Debian mas que nunca vi instalada em nenhum computador a não ser nos próprios computadores do Departamento de Informática que (veja só) é terceirizado. Logo, usar aquilo "que todo mundo já conhece" acaba sendo (infelizmente ou não) o caminho mais fácil.
Podiam personalizar os aplicativos para facilitar a transição ou investir em treinamento.
Tenho certeza que treinamento sairia bem mais barato que adquirir licenças de vários softwares proprietários para dezenas de computadores.
Como disse acima, não é interesse do poder público isso. O conhecimento em informática é responsabilidade do usuário. É requisito para ingresso. Até porque novos conhecimentos em informática feitos através de cursos particulares são usados para progressão e promoção salarial dentro da carreira do servidor. Logo, fica evidente que é do usuário a responsabilidade de se aperfeiçoar nessa área. Ora, se está usando Windows, vai procurar se aperfeiçoar nisso.
Já fiz eventos para 3.000 pessoas. Asseguro que não ficou barato. O que dizer então de treinar 10.000? Isso só na secretaria de saúde. A conta não sairia barata, pode ter certeza.