hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 12/08/2017 - 18:32h
lcavalheiro escreveu:
Eu uso GNU/Linux há 21 anos e sei que não dá pra viver só de software verdadeiramente livre.
Não acho que seja impossível. Inviável e improvável seriam palavras mais apropriadas.
Acredito que o software livre assume concepções diferentes na cabeça de cada um. Algumas pessoas ainda vinculam fortemente a liberdade com a gratuidade e não concordam que o software livre possa ter fins comerciais. Nessa concepção talvez seja impossível mesmo, porque todos os projetos de software (livre ou não) tem custos, diretos ou indiretos. Projetos pequenos talvez consigam sobreviver apenas com doações. Mas projetos grandes precisam de patrocínio. O kernel Linux, por exemplo, só é o que é porque tem o patrocínio de muitas empresas que investem fortemente nele. Empresas como Intel, Google, Microsoft, Oracle, Red Hat, Canonical, SUSE, entre outras contribuem, tanto no financiamento da Linux Foundation quanto na disponibilização de funcionários para codificação e testes, além da divulgação e patrocínio de eventos.
O mesmo se pode dizer, em maior ou menor grau, de outros projetos de software livre... como a plataforma Java (openjdk, que é a base para o Oracle Java), Docker, Hadoop, entre outros. Até mesmo a ferramenta Ring, que citei aqui, tem uma empresa por trás, a Savoir-faire Linux.
O que isso mostra? Que um software não precisa ser proprietário para receber patrocínio. Basta que ele se encaixe em um modelo de negócios (ou seja pequeno/simples o bastante para sobreviver com doações).
Na conjuntura atual, em que muitas empresas não conseguem/querem encaixar o software livre em seus modelos de negócios, realmente fica muito difícil usar somente software livre. Mas o que eu acho falho no seu argumento é dizer que, se é impossível (ou inviável, como eu coloquei) usar somente software livre, então vamos usar qualquer coisa sempre. Eu discordo. Se você tem a oportunidade de escolher entre um software proprietário e um livre, e o livre te atende, por que optar pelo proprietário?
No mais, acho que ninguém aqui tem que provar nada para ninguém. Cada um é livre para fazer suas escolhas. Seria justo empurrar suas escolhas para os demais? Por que não tentar achar uma solução que seja boa para todos? Por que não tentar chegar a um consenso? Digo isso tendo em mente todas as propostas feitas por aqui, tanto as proprietárias quanto as livres.
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Atenciosamente,
Hugo Cerqueira