jeferson_roseira
(usa Debian)
Enviado em 19/11/2007 - 13:26h
Depilação
(versão FEMININA)
Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas,
me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez
quilos mais leve. Mas acho que pentelho não pesa tanto
assim.>Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia
querer outracoisa.>Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos
me avisaram que isso>aconteceria.>Mas não esperava que por trás
Disso, e bota por trás nisso, havia todauma>indústria
[*****]ô-ginecológica-estética.>>- Oi, queria marcar depilação com a
Penélope.>- Vai depilar o quê?>- Virilha.>- Normal ou
cavada?>>Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas
já que erapra>fazer, quis fazer direito.>>- Cavada mesmo.>-
Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?>- Ok. Marcado.>> Chegou o dia em
que perderia dez quilos. Almocei coisas leves,porque>sabia lá o
que me esperava,>coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique.
Escolhi uma calcinha>apresentável. E lá fui.>Assim que cheguei,
Penélope estava esperando.>Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou
ficar que nem ela, legal.>Pediu que eu a seguisse até o local onde
o ritual seria realizado.>Saímos da sala de espera e logo entrei
num longo corredor.>De um lado a parede e do outro, várias
cortinas brancas.>Por trás delas ouvia gemidos, gritos,
conversas.>Uma mistura de Calígula com O Albergue. J>á senti um
frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão.
Eisque>chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de
cortinas.>>- Querida, pode deitar.>>Tirei a calça e, timidamente,
fiquei lá estirada de calcinha na maca.>Mas a Penélope mal olhou
pra mim.>Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha.>Ali
estavam os aparelhos de tortura.>Vi coisas estranhas.>Uma panela,
uma máquina de cortar cabelo, uma pinça.>Meu Deus, era O Albergue
mesmo.>De repente ela vem com um barbante na mão.>Fingi que era
natural e sabia o que ela faria com aquilo,>mas fiquei surpresa
quando ela passou a cordinha pelas laterais dacalcinha>e a amarrou
bem forte.>>- Quer bem cavada?>- É... é, isso.>>Penélope então
deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa daAbigail,>nome
carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.>>- Os pêlos
estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer
mais>ainda.>- Ah, sim, claro.>>Claro nada, não entendia porra
nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.>>De repente, ela volta da
mesinha de tortura com uma espátula melada deum>líquido viscoso e
quente (via pela fumaça).>>- Pode abrir as pernas.>- Assim?>- Não,
querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e
depois joga>cada perna pra um lado.>- Arreganhada, né?>>Ela riu.
Que situação.>E então, Pê passou a primeira camada de cera quente
em minha virilha>Virgem.>Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora
de puxar.>>Foi rápido e fatal.>Achei que toda a pele de meu corpo
tivesse saído, que apenas minhaossada>havia sobrado na maca.> Não
tive coragem de olhar.>Achei que havia sangue jorrando até o
teto.>Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a
possibilidade de>ligar para o Samu.>Tudo isso buscando me
Concentrar em minha expressão, para fingir queera>tudo
supernatural.>>Penélope perguntou se estava tudo bem quando me
notou roxa.>Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que
doesse mais.>>- Tudo ótimo. E você?>>Ela riu de novo como quem
pensa "que garota estranha".>Mas deve ter aprendido a ser
simpática para manter clientes.>>O processo medieval continuou.>A
cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope.>Lembrava de
minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que eratudo>uma
grande sacanagem,> só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a
todos porque se cansam de>sofrer sozinhas.>>- Quer que tire dos
lábios?>- Não, eu quero só virilha, bigode não.>- Não, querida, os
lábios dela aqui ó.>>Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes
lábios ? Putz, que idéia.>Mas topei. Quem está na maca tem que se
[*****] mesmo.>>- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por
favor.>Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o
cafofinhode>Penélope e dá uma conferida na Abigail.>>- Olha, tá
ficando linda essa depilação.>- Menina, mas tá cheio de encravado
aqui. Olha de perto.>>Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele
teria balançado com arespiração>das duas.>Estavam bem perto
dali.>Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo.> "Me leva
daqui, Deus, me teletransporta".>Só voltei à terra quando entre
uns blábláblás ouvi a palavra pinça.>>- Vou dar uma pinçada aqui
porque ficaram um pelinhos, tá?>- Pode pinçar, tá tudo dormente
mesmo, tô sentindo nada.>>Estava enganada.>Senti cada picadinha
daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos>resistentes da pele
já dolorida.>E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso
ainda estava porvir.>>- Vamos ficar de lado agora?>- Hein?>-
Deitar de lado pra fazer a parte cavada.>>Pior não podia ficar.
Obedeci à Penélope.>Deitei de ladinho e fiquei esperando novas
ordens.>>- Segura sua bunda aqui?>- Hein?>- Essa banda aqui de
cima, puxa ela pra afastar da outra banda.>Tive vontade de
chorar.>Eu não podia ver o que Pê via.>Mas ela estava de cara para
ele, o olho que nada vê.>Quantos haviam visto, à luz do dia,
aquela cena?>Nem minha ginecologista.>Quis chorar, gritar, peidar
na cara dela, como se pudesse envenená-la.>Fiquei pensando nela
acordando à noite com um pesadelo. O marido>perguntaria:>>- Tudo
bem, Pê?>- Sim... sonhei de novo com o
[*****] de uma cliente.>> Mas de
repente fui novamente trazida para a realidade.>Senti o aconchego
falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks.>Não sabia se
ficava com mais medo da puxada ou com vergonha dasituação.> Sei
que ela deve ver mil cus por dia.> Aliás, isso até alivia minha
situação.>Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos?> E
aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?>Fui impedida de
desfiar o questionamento.>Pê puxou a cera.>Achei que a bunda
tivesse ido toda embora.>Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa
que tivesse ali.>Com certeza não havia nem uma preguinha pra
contar a história mais.>Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo
tempo. Sons guturais,xingamentos,>preces, tudo junto.>>- Vira
agora do outro lado.>>Porra.. por que não arrancou tudo de uma
vez?>Virei e segurei novamente a bandinha.>E então, piora. A
broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.>>- Penélope,
empresta um chumaço de algodão?>>Apenas uma lágrima solitária
escorreu de meus olhos.>Era dor demais, vergonha demais.> Aquilo
não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?>Ninguém ia ver o
tobinha tão de perto daquele jeito.>Só mesmo Penélope. E agora a
vizinha inconveniente.>>- Terminamos. Pode virar que vou passar
maquininha.>- Máquina de quê?!>- Pra deixar ela com o pêlo
baixinho, que nem campo de futebol.>- Dói?>- Dói nada.>- Tá, passa
essa
[*****]...> - Baixa a calcinha, por favor.>>Foram dois segundos
de choque extremo.> Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem
antes pegar no peitinho?> Mas o choque foi substituído por uma
total redenção.>Ela viu tudo, da perereca ao
[*****].>O que seria
baixar a calcinha?>E essa parte não doeu mesmo, foi até bem
agradável.>>- Prontinha. Posso passar um talco?>- Pode, vai lá,
deixa a bicha grisalha.>- Tá linda! Pode namorar muito
agora.>>>Namorar...namorar... eu estava com sede de
vingança.>Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso.> Mas
doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas.>Queria virar
feminista, morrer peluda, protestar contra isso.>Queria fazer
passeatas, criar uma lei antidepilação cavada e matar oprimeiro
homem que ver e não comentar absolutamente nada.>>Queria abrir o
site
www.preserveasxoxotaspeludas.com.br.