JEFERSON_roseira
(usa Debian)
Enviado em 04/02/2008 - 08:55h
> Um dia de
[*****] ...
> Luis Fernando Veríssimo (verídico)
>
> Acha seu dia às vezes difícil?
> Então leia este fato verídico.
> Aeroporto Santos Dumont, 15:30.
> Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica
intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada
não aliviasse.
> Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria
para o Galeão, de onde
> partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as
pontas.
> Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão.
> "Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela
mijadinha esperta,
> tranqüilo, o avião só sairia às 16:30".
> Entrando no ônibus, sem sanitários. Senti a primeira
contração e tomei
> consciência de que minha gravidez fecal chegara ao
nono mês e que faria um parto de cócoras assim que
entrasse no banheiro do aeroporto.
> Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil
falei:
> "Cara, mal posso esperar para chegar na
[*****] do
aeroporto porque preciso largar um barro."
> Nesse momento, senti um urubu beliscando minha
cueca, mas botei a força devontade para trabalhar e
segurei a onda.
> O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu
desespero, uma voz disse pelo alto falante:
> "Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois
aeroportos levará em
> torno de 1 hora, devido a obras na pista.
> "Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer
custo.
> Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem
[*****]
que estava para chegar
> na estação
[*****] a qualquer momento.
> Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo
que era, aproveitou para tirar um sarro.
> O alívio provisório veio em forma de bolhas
estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as
coisas tinham se acomodado.
> Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia
pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um
vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém
poderia botar seu almoço nele.
> E o papel higiênico então: branco e macio, com
textura e perfume e, ops,
> senti um volume almofadado entre meu traseiro e o
assento do ônibus e
> percebi, consternado, que havia cagado.
> Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho
de pai ao seu autor.
> Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e
parentes e convidá-los a
> apreciar na privada.
>
> Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal. Mas
sem duvida, a
> situação tava tensa.
> Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de
piedade, e confessei sério:
> "Cara, caguei.".
> Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos
depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora estava
tudo sob controle.
> "Que se dane, me limpo no aeroporto", pensei, "Pior
que isso não fico".
> Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou
forte.
> Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira, mas não
pude evitar, e sem
> muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva
de
[*****]. Desta vez, como uma pasta morna.
> Foi
[*****] para tudo que é lado, borrando,
esquentando e melando a bunda,
> cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças,
meias e pés. E mais
> uma cólica anunciando mais
[*****], agora líqüida, das
que queimam o fiofó
> do freguês ao sair rumo a liberdade.
> E depois um peido tipo
[*****], que eu nem tentei
segurar. Afinal de contas,
> o que era um peidinho para quem já estava todo
cagado...
> Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me
caguei pela quarta vez.
> Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta
caganeira que resolveu botar absorvente na cueca, mas
colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando
foi tirá-lo levou metade dos pêlos do rabo junto.
> Mas era tarde demais para tal artifício
absorvente.tinha menstruado tanta
>
[*****] que nem uma bomba de cisterna poderia me
ajudar a limpar a
> sujeirada.
> Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado
com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que
apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a
levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse
trocar de roupas.
> Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe,
constatei falta de papel higiênico em todos os cinco.
> Olhei para cima e blasfemei: "Agora chega, né?"
> Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa
toda para analisar
> minha situação (que concluí como sendo o fundo do
poço) e esperar pela
> minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas
e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.
> Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito
o "check-in" e ia
> correndo tentar segurar o vôo.
> Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma
maleta de mão e saiu
> antes de qualquer protesto de minha parte.
> "Ele tinha despachado a mala com roupas". Na mala de
mão só tinha um
> pulôver de gola "V".
> A temperatura em Miami era de aproximadamente 35
graus. Desesperado
> comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de
algum modo, aproveitáveis.
> Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história.
As calças estavam
> deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de
cor tingidas pela
[*****].
> Meus sapatos estavam notas 3, numa escala de 1 a 10.
> Teria que improvisar. A invenção é mãe da
necessidade, então transformei
> uma simples privada em uma magnífica máquina de
lavar. Virei a calça do
> lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a
parte atingida na água.
> Comecei a dar descarga até que o grosso da
[*****] se
desprendeu.
> Estava pronto para embarcar.
> Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção
ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as
calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho
(não exatamente limpas) e o pulôver gola "V", sem
camisa.
> Mas caminhava com a dignidade de um lorde. Embarquei
no avião, onde todos os passageiros estavam esperando
o "RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO" e atravessei todo o
corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que
sorria.
> A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de
algo. Eu cheguei a
> pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para
disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete
para cortar os pulsos, mas decidi não pedir:
> "Nada, obrigado."
> Eu só queria esquecer este dia de
[*****].
> Um dia de
[*****]...
>
> Luis Fernando Veríssimo (verídico)