História das UI - Interfaces de Usuário (para pensar no futuro)

Continuando com o objetivo de desenvolver um projeto aberto, dessa vez trago as reflexões sobre as relações entre hardware e UI, que foram muito úteis para rascunhar possíveis soluções.

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Por: celio ishikawa em 13/08/2008


Do modo texto para modo gráfico (história)



Acho que ajuda na nossa inspiração repensar sobre o modo texto e gráfico para as Interfaces de Usuário (UI).

Os mais famosos sistemas em modo texto são o DOS e os Unix-like, incluindo o Linux. Mas o DOS é mono-tarefa, enquanto que os unix-like são multi-tarefa. Um usuário iniciante pergunta: "Mas como se no modo texto não tem janelas?". Pois é isso mesmo: no Linux, mesmo sem ter instalado a interface gráfica, com as teclas Ctrl+Alt+F1, F2, F3, F4, F5 e F6, pode-se executar tarefas diferentes em cada dos 6 terminais texto.

(Dica: esses terminais continuam disponíveis na maioria dos Linux modernos. Se quiser desativar e economizar umas unidades de memória RAM, acesse o /etc/inittab e ache um conjunto de linhas numeradas de 1 a 6 com "respawn". Preserve apenas o 1° e no começo das outras 5 acrescente "#").

Esse é um modo dos Linux-server contornar o sistema de janelas, deixe isso anotado.

Com a chamada interface gráfica vieram as as janelas e ícones, e aproveitaram para uniformizar as barras, botões e menus que existiam no modo texto, mas cada programa tinha um padrão (por exemplo: um usava preto & verde; outro preto & cinza, ou vermelho, azulão... aquelas cores bem fortes que os que usam o modo texto conhecem bem).

Eis um 2° ponto a ser anotado: o sistema de janelas veio para uniformizar o visual dos programas. Mas como atualmente alguns programas (tocadores de mídia, por exemplo) fazem questão de terem um visual que foge das janelas retangulares, ou usam o modo full-screen (ao invés de janelas maximizadas), isso significa minimamente que alguns enjoaram desse visual (e uma reação curiosa é que nisso alguns redescobriram o prazer do modo texto, usando por exemplo o lynx para internet).

Foi uma alegria para os consumidores quando chegou o Mac ou o Windows 3.0. Junto deles começaram a serem vendidos os mouses, um novo hardware que se casou perfeitamente com a GUI (Graphical User Interface).

Ao invés de digitar comandos, se clicava em ícones, e as janelas (devidamente redimensionadas e dispostas lado-a-lado) permitiam ver muitas tarefas numa tela só, o que era impossível no modo texto multi-tarefa.

A interface gráfica é sempre melhor? Nem sempre.

Por exemplo, se você tem 6 janelas maximizadas, você alterna entre elas clicando na barra de tarefas (popularizado a partir do Windows 95), ou teclando Alt+Tab, ou, no Windows Vista, o enfeitado "botão do Windows"+Tab que faz o mesmo em 3d.

Mas isso acaba dando no mesmo que usar 6 programas em modo texto e alternar entre os terminais usando Ctrl+Alt+F1 a F6.

E, as vezes perde: descobri recentemente que criar arquivos de backup e restaurá-los é muito mais simples no modo texto. No modo texto (Linux) para criar um arquivo de backup (digamos com extensão .bk), o comando é:

cp arquivo arquivo.bk

Aí os 2 arquivos ficam no mesmo diretório. Se fosse no modo gráfico, clica-se no arquivo com botão direito e escolhe-se "copiar", mas para colar a cópia tem de ser em outro diretório. Aí se cola e renomeia, para depois recortar e colar no diretório original. A outra opção é usar o "salvar como", mas isso só abrindo o arquivo com um programa.

E para restaurar o backup, sobrescrevendo o arquivo:

mv arquivo.bk arquivo

Se fosse no modo gráfico, seria aquele monte de cliques para remover e renomear, ou copiar e colar de outro diretório, ou "salvar como" sobrescrevendo usando o programa para o arquivo.

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Páginas do artigo
   1. Introdução e notícias
   2. Do modo texto para modo gráfico (história)
   3. Cada vez mais botões (história)
   4. Evoluir para onde?
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Comentários
[1] Comentário enviado por andreoliveira em 13/08/2008 - 11:22h

Não sou programador, mas tenho uma sugestão de uma utilidade para o uso Desktop em rede, como poderia fazer para mandar a minha sugestão?

[2] Comentário enviado por celioishikawa em 13/08/2008 - 15:17h

Olá André! obrigado por querer colaborar. Se por enquanto não quiser publicar a sua sugestão, pode clicar no meu perfil e mandar um e-mail para mim, se me mandar o seu e-mail, poderemos nos corresponder.

Isso de usar em rede é importante mesmo, é a tendência para o futuro é que o termo "PC- personal computer" - para usdar sozinho- perca o sentido.

[3] Comentário enviado por forkd em 13/08/2008 - 23:13h

Cara,

Muito bom o seu artigo! Já vinha pensando nisso há algum tempo, mas nunca havia organizado tão bem as minhas idéias, sem contar que aprendi muito com o seu texto.

Sou usuário do OS X 10.5 (Leopard) da Apple há quase 6 meses e acho que ali há muita coisa pra ser copiada. Pra começar, o FANTÁSTICO Quicksilver (QS) mata a pau qualquer botão do tipo INICIAR. O funcionamento é simples: CTRL + ESPAÇO abre o QS. Então o usuário começa a digitar o nome do seu programa. Não importa de onde você comece: ele vai exibindo os programas que possuem a sequência digitada, com uma lista de outros que também se encaixam no padrão. Quando o programa desejado aparece selecionado, basta dar ENTER e o mesmo é carregado. Pra melhorar, o programa é inteligente: se você digita sempre itunes pra abrir o iTunes, o programa vai aprendendo, então com algum tempo, quando você tecla i, o iTunes já é selecionado, bastando teclar ENTER. Isso agiliza MUITO a abertura de programas. Lógico que se você não souber o nome do programa, fica difícil, mas ainda existe o Dock, para colocar um ícone das aplicações mais usadas. O desktop 3D do sistema também dá show. Com o Spaces bem configurado, basta rolar o ponteiro do mouse pra um dos cantos da tela para que todas as áreas de trabalho sejam exibidas e então clicar na que você deseja (clique simples). Muitas janelas abertas? O Exposè ajuda: mostra uma miniatura de todas as janelas abertas, bastando clicar sobre a que você deseja (há a possibilidade de se ativar este recurso como no Spaces). Pra melhorar ainda mais, todos estes recursos podem ser usados no Linux (não os mesmos softwares).

Fora isso, no que diz respeito às teclas, o sistema conta com o COMMAND, que faz as vezes do CTRL e do ALT - também chamado de Option no Mac - (as duas ainda estão presentes no teclado). Neste teclado ainda não há as teclas Ins, Del, PgUp, PgDown, Home e End. Quer apagar pra frente? Fn + Backspace, Ir para o início ou final da linha? COMMAND + frente ou trás......

Lógico que não creio que esta seja uma solução definitiva para o problema de acessibilidade, mas creio que a combinação de Desktop 3D (Spaces e Exposè) + Menus rápidos (Dock) + Abertura rápida de programas (Quicksilver) + Teclas de atalho bem definidas e concisas dentro do sistema (todas devem ter os mesmos efeitos dentro de cada programa) seja um solução a curto/médio prazo.

Uma tecnologia que vem se destacando muito é a que aboliria o uso do mouse. É quando os programas suportariam totalmente os recursos de touch screen, como visto no MS Surface e telas sensíveis ao toque, como caixas eletrônicos. Amigos me falaram que o programa Fantástico da rede Globo já tem isso disponível para os seus apresentadores. Isso sem falar no iPhone... Mas vejo isso como uma solução a médio/longo prazo... O tempo dirá.

Acho que era isso.
Parabéns!
Valeu, brother!

zezim
Meu blog: http://versaopropria.blogspot.com

[4] Comentário enviado por Miojo em 09/10/2009 - 19:11h

"CTRL + ESPAÇO abre o QS. Então o usuário começa a digitar o nome do seu programa. Não importa de onde você comece: ele vai exibindo os programas que possuem a sequência digitada, com uma lista de outros que também se encaixam no padrão."

. O Menu K do KDE 4 também faz isso, só que abre com Alt-F1, o KRunner (Executar comando) também o faz, com Alt-F2. E os dois ainda procuram na descrição do programa.
. O Menu K também sugere pesquisa na web e o KRunner abre o Konqueror para pastas ou páginas da web quando você digita o nome de uma.


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