Teixeira
(usa Linux Mint)
Enviado em 09/09/2013 - 23:14h
Gosto de pegar exemplos no mundo automobilístico.
Aqui no Brasil a coisa mais comum é encontrarmos carros com câmbio manual, aquele que tem uma alavanca que aciona várias posições e que depende de um pedal de embreagem para poder funcionar como deve.
Tem gente que ainda tem verdadeiro preconceito contra os câmbios do tipo automático ou automatizados, com ou sem embreagem, e é fácil ouvirmos por aí que esse tipo de câmbio tem manutenção "caríssima", que quebra muito, que consome muito combustível, que patina muito e que rouba a potência do motor.
(Também contra o freio contra-pedal para bicicletas, se diziam horrores, que se a corrente quebrasse ficava sem freios, etc.).
Mas para nós o "default" é esse, o tal câmbio manual, que para nós é "o que há".
No entanto, para um cidadão norteamericano, não existe nada além dos carros com câmbio automático (isso é que é o máximo)!
Os nossos carros são lá chamados de "stick shifts", e esses stick shifts são um verdadeiro terror, mesmo para motoristas experientes.
Para eles é extremamente difícil dirigir um stick shift.
Para eles é mais fácil falar "Pindamonhangaba" sem sotaque.
Fazer o que?
Os câmbios automáticos hoje em dia estão bastante evoluídos, e procuram teoricamente manter o carro sempre na marcha mais adequada.
No entanto, para um mecanismo, isso é apenas uma utopia, pois o tal câmbio rouba potência (menos do que roubava no passado) e con$ome mai$ combu$tível.
Na década de 50 ninguém ligava para o preço da gasolina, com os Cadillacs, Oldsmobiles, Buicks, Packards, etc. fazendo 3 km por litro.
Então prevalecia o conforto, que explicava o peso e o tamanho exagerado dos automóveis da terra do Tio Sam.
Hoje em dia o estadunidense também aprendeu a correr atrás para economizar a última gotinha, e é fácil encontrarmos carros europeus (*) fazendo bastante sucesso entre os antigos "young keys".
No caso do câmbio automático, prevalece a robustez - uma incrível robustez que nos dá conta que um câmbio assim deve durar "pela vida inteira e mais seis meses" sem dar problema algum, desde que sejam feitas as manutenções regulares.
Câmbios automáticos, nos Estados Unidos e no Canadá, são naturalmente considerados como que "indestrutíveis".
Como aqui no patropi não entendemos disso, simplesmente deixamos de fazer as manutenções em tempo hábil, e a simples menção de "câmbio automático" já nos faz tremer nos alicerces.
Para nós automobilistas brazucas prevalece o conceito de que o câmbio manual proporciona melhor domínio sobre a máquina, e com isso obtemos economia de combustível e maior eficiência na condução do veículo.
Transplantando toda essa informação do "automobilismo" para "computação", podemos estabelecer uma tremenda analogia entre tais assuntos, diante das preferências entre os sistemas de comandos via terminal (modo texto) e aqueles automatizados via interface gráfica.
Qual sistema é melhor?
Assim como no automobilismo, isso depende exclusivamente do ponto de vista, que fatalmente conduz a algum preconceito.
A propósito, a Ferrari (e alguns outros fabricantes de máquinas "bravas") já começou a lançar modelos com câmbios automáticos opcionais, e que já estão tendo ótima saída.
Isso há uns dez anos atrás soaria como uma verdadeira blasfêmia...
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(*) No passado havia piadinhas sobre esse mesmo tipo de automóvel, dizendo-se até mesmo que eles "funcionam a pilha"...
Vejam o video com o carinha explicando a parte básica de como conduzir um carro com câmbio manual.
As explicações são muito toscas, tipo "clutch-shift, clutch-gas" (embreagem-câmbio, embreagem-acelerador), como se a coisa fosse apenas chutar o balde e tudo bem.
O próprio instrutor responde a um comentário dizendo que se deve trabalhar na suavidade de movimentos até que se consiga um melhor controle, como se esse "melhor controle" fosse apenas um aperfeiçoamento e não uma necessidade.
Tudo isso para eles parece grego.
Em geral, lá quem não está acostumado reclama porque o carro "fica morrendo muito", que "dá pulos todas as vezes que troca de marchas", etc.
E vemos que as dúvidas que um motorista mesmo experiente tem a respeito de um stick shift podem ser fatais para eles, enquanto para nós são sanadas durante o tempo que passamos na auto-escola (hoje CFCs).
Porém boa parte dos comentaristas censurou a atitude do instrutor em não manter ambas as mãos no volante...
Além do que, ele fez algumas tentativas frustradas de pregar a alavanca do freio de mão no teto do carro.... rsrs
E (para mim) a melhor gravação de "Stick Shift", a cargo dos brasileiros The Jet Black's