Matty
(usa Arch Linux)
Enviado em 08/07/2019 - 22:38h
Texto original (abrange outros assuntos):
https://blog.linuxmint.com/?p=3766
Texto resumido (somente acerca do Snap):
2 DE JULHO DE 2019 POR CLEM (Clement Lefebvre) - Linux Mint
Interessante que não vi a mídia a falar sobre essa parte relativa ao Snap.
Não era para ser a Canonical a controladora da distribuição de software entre as distribuições Linux e os editores, nem para impedir a distribuição direta dos softwares pelos editores, nem para fazer um software funcionar melhor no Ubuntu do que em qualquer outro lugar, nem fazer da sua loja um requerimento obrigatório.
Concordo plenamente. Alguém mais com systemd feelings?
Se você é, por exemplo, um usuário do Fedora e deseja instalar o Spotify, você deve ir para
https://snapcraft.io/spotify , que é uma "loja" da Canonical.
O Spotify não distribui pacotes RPM, appimage, Flatpak ou qualquer outra coisa útil para um usuário do Fedora que queira fazer o download, nem para um mantenedor do Fedora que queira adicioná-lo a um repositório.
Os usuários do Fedora são orientados a ir ao que é essencialmente uma loja comercial operada por um concorrente (Canonical) da RedHat, onde as estatísticas dizem que sua distribuição é apenas a 7ª melhor.
Basicamente o domínio da Canonical com esse snap, está a afetar mesmo as outras distros. Já que, pela fama e popularidade do Ubuntu, a maioria tende a optar por disponibilizar seu software em formato snap que em Flatpak (esse sim, verdadeiramente universal). Mas acredito que um mero deb ou rpm já seriam bem vindos e o resto seria portado pela comunidade, como o Arch faz, por exemplo.
Aqui no Linux Mint, estamos com sorte, ainda podemos baixar o .deb.
Se o Spotify parar de fazer o .deb, o que faremos?
Nós caminharemos para quebrar. Porque temos que ir nesse rumo?
A loja instantânea continuará a permitir que as pessoas baixem arquivos .snap reais no futuro ou isso será bloqueado?
A loja instantânea continuará a funcionar sem uma conta do Ubuntu One ou será bloqueada pelo fornecedor?
Eu acho que é importante apreciar esses aspectos.
Isso é bastante preocupante, não só para o Linux Mint, como para todos os derivados, inclusive a distro mãe, o Debian. Se pararem de fornecer o pacote deb, só será possível se render a opção dada pela Canonical. O snap. A impressão que tenho, mesmo conspiracionista devo salientar, é que tudo está sendo projetado para que o domínio do snap exceda o Ubuntu. Se não estou errado, o snap também obtêm telemetria, tal qual o seu concorrente.
Todos nós temos smartphones e todos sabemos o quão grande é a loja do Google Play.
Com que frequência vemos o .apk (pacotes do Android) na Web?
Quão difícil eles são para instalar sem a loja do Google?
Quão livre é um editor para publicar seu próprio .apk estando o .apk presente na loja do Google?
Quem controla tudo isso e o que isso significa para nós?
Quem governa o que pode e não pode entrar na loja?
Quem faz negócios comerciais? Em quem confiamos? E porque?
Nesse caso, basta trocar a Google pela Canonical.
Contanto que o snap seja uma solução para um problema, isso é ótimo.
Assim como o Flatpak, ele pode resolver alguns dos problemas reais que temos com bases de pacotes congelados (desatualizados).
Ele pode nos fornecer software que não poderíamos executar como pacotes.
Porém quando começar a substituir pacotes sem nenhum motivo, quando começar a prejudicar nossa interação com os projetos de upstream e fornecedores de software e reduzir nossa escolha, isso se tornará uma ameaça.
Eles dizem que isso é o "futuro" e usar o repo é coisa para "velhos".
Um usuário, por exemplo, do Fedora não deve ser informado sobre o Ubuntu ou o Ubuntu One durante o download de software.
Seu navegador não deve ter marcadores apontando para outra distribuição.
Seu software não deve ser projetado e testado principalmente com outro ambiente de desktop e distribuição em mente, e quando ele olha para screenshots ele não deveria ver o Ubuntu em todos os lugares.
É errado para o Spotify fazer isso e é errado para qualquer fornecedor pensar que tal loja pode ser a única loja para todos os usuários do Linux.
Para que isso funcionasse, precisaria ser governado por todos nós, com objetivos claros, sem preconceitos e sem conflito de interesse.
As outras distros vão ter que se render as vontades do Ubuntu. A propaganda dele estará por toda parte.
Há muitas coisas que você pode fazer com gerenciadores de pacotes (apt / dpkg no Linux Mint) que você não pode fazer com o Snap, e há duas razões para isso.
Primeiro:
Eles estão por aí há algum tempo. Eles são maduros, estão totalmente integrados ao sistema operacional em todas as distribuições.
Segundo:
Eles foram desenvolvidos com o Software Livre em mente.
Não há aspectos comerciais no design do apt / dpkg, é tudo sobre capacitar usuários e distribuições.
Você não pode modificar, reconstruir, fixar, corrigir, espelhar um snap, pressupõe-se que você não deveria fazê-lo.
Aparentemente a nova geração prefere pacotes em contêineres não integrados ao sistema como desculpa de "maior segurança" e execução em sandbox. Todos sabemos aqui que o APT/dpkg é mais maduro e confiável, mas a força do snap e outras soluções tem sido maior. Há sites sobre Linux relacionado com Ubuntu e Mint que nem sequer falam mais de pacotes deb é tudo relacionado com flatpak e snap como se fossem as únicas opções.
O usuários novos do Linux não ligam mais pra filosofia de software livre e só usam o Linux porque é grátis e o Windows é pago. Querem que o Linux torne-se um Windows. Optam mais por software de terceiros, mesmo que exista um livre da mesma gama. A filosofia do software livre está se aplicando mais a distros ainda mais nichadas.
O Ubuntu está planejando substituir o pacote do repositório Chromium por um pacote vazio que instala o snap do Chromium.
Já sabia disso. Você vai lá no loja/terminal e instala o Chromium com um sudo apt install chromium e recebe um snap. E depois ainda falam que não querem "forçar" o snap. Aham.
Em outras palavras, à medida que você instala as atualizações do APT, o Snap se torna um requisito para você continuar usando o Chromium e o Snap se instala nas suas costas.
Isso quebra uma das principais preocupações que muitas pessoas tiveram quando o Snap foi anunciado e uma promessa de seus desenvolvedores de que ele nunca substituiria o APT.
O canal americano STL foi muito criticado por esse vídeo
na época que surgiu aquele boato que o APT seria totalmente substituído pelo snap. No entanto, com essa forçação de snap, até mesmo usando APT talvez ele não estivesse tão errado. APT vai se tornar cada vez mais irrelevante ou dependente do snap para funcionar. E estou de acordo com ele
https://www.youtube.com/watch?v=Vw0ZWQG68XU
Tempos sombrios estão chegando.