xerxeslins
(usa openSUSE)
Enviado em 21/03/2013 - 22:02h
Gedimar escreveu:
Eu moro em uma cidade de minas gerais que 90% da população é evangélica :)
Não vejo vocês como minoria, isso é apenas ponto de vista.
Não conheço sua cidade, mas já morei em 6 estados brasileiros e um deles foi MG.
O Sul do Brasil (que é onde eu moro agora) é um dos lugares mais preconceituosos. Aqui, nordestinos, negros, homossexuais e muitas outras minorias sofrem muito mais preconceito do que em outras regiões.
E sim, evangélicos são continuamente desrespeitados, meninas tem trauma de ter o cabelo comprido, pois seus cabelos são puxados por outras meninas pelo fato delas serem evangélicas. Meninos levantam a saia das meninas e as chamam de coisas realmente muito feias. Existe preconceito SIM!
Zombaria, asco, deboche sempre houve! E agora mais isso, somos tachados de alienados e homofóbicos. Mas as pessoas fazem questão de ignorar isso e muitas vezes invertem a situação, ou seja, nos colocam como um classe dominante, o que não somos nem de longe no Brasil.
Eu já vi chamarem a polícia para cultos que passaram um pouco das 9 da noite, enquanto no carnaval e outras festas o caos é estabelecido e ninguém reclama.
Eu mesmo já fui muito perseguido nas escolas pelo simples fato de eu me recusar a rezar a ave maria, alguns professores me obrigavam a isso e me repreendiam na frente de todos os outros alunos. Por causa disso, todos os outros me xingavam, me colocavam apelidos etc...
Mas os adultos são ainda mais preconceituosos, usam termos como "crente do diabo", "crente disso ou daquilo".
Nas redes sociais então, nem se fala, depois dos últimos acontecimentos eu excluí muita gente do facebook e parei de seguir muitas páginas por fazerem apologia ao ateísmo ao mesmo tempo em que atacam a fé alheia (não tenha nada contra ateus, só acho que uma pessoa pode ser ateia, sem necessariamente ficar atacando a minha fé).
Igrejas evangélicas são constantemente comparadas à negócios lucrativos. Pra essa gente, toda igreja evangélica é um enorme caça-níquel, todo pastor é um explorador, todo evangélico é burro e alienado por ir a igreja e dar o dízimo.
A situação está melhorando, é verdade, mas o preconceito está longe de deixar de existir.
Acredito em tudo isso.
Preconceito está em cada esquina. (Tem também até preconceito de evangélico contra ateu, e contra evolucionistas... mas isso é outra história)
Quando criança eu era católico e aprendi o que é ter preconceito contra evangélico. Ouvia adultos, os mais velhos, falando até quase sussurrando "fulano é crente" como se estivesse dizendo "fulano é criminoso". E professora de catecismo dizendo na sala de aula "temos que respeitar as diferenças religiosas, mesmo sabendo que nossa religião é a certa e as deles são erradas".
Mas eu era criança e nem sentia que isso era preconceito. Achava normal.
Depois me interessei pelo espiritismo e aprendi a ser mais tolerante com as "almas menos evoluídas", até que li num livro de Allan Kardec uma passagem onde dizia claramente que o branco é espiritualmente mais evoluído que o negro e que o negro é mais feio que o branco. Então comecei a desistir do espiritismo.
Fiquei numa fase de ateísmo e depois me interessei por budismo e depois por teosofia e aprendi a respeitar mais as diferenças, porque a teosofia mistura monte de coisa das outras religiões.
Depois, conheci minha atual esposa e ela é Testemunha de Jeová. Aprendi com ela que tudo o que a teosofia e o espiritismo ensinavam eram armadilhas de satanás e frequentei as reuniões das testemunhas regularmente por uns 4 anos. Cheguei até ir para a porta das casas pregar (mas esse período não durou muito).
Resumindo, hoje estou sem religião e mais para agnóstico. E não levo em conta a bíblia nas minhas decisões e nos meus princípios. Mas sou a favor do respeito mútuo e da boa convivência entre as pessoas.
Voltando ao pastor Feliciano, não creio que ele seja racista, mas também não creio em povo amaldiçoado. Sobre ele ser homofóbico eu acredito que ele seja sim. A menos que meu conceito de homofobia esteja errado.
É claro que ele não vai agredir fisicamente um homossexual, mas para ele o homossexual é alguém que está em pecado, precisa se arrepender, um transgressor, uma célula cancerígena da sociedade (já que ele acha que casal homossexual não compõe uma família). Uma ameaça, um perigo... Um ser condenado, um ser que desagrada a Deus apenas por ser homossexual (ou seja, por ser ele mesmo)... Então, por considerar o homossexual como sendo Anormal, eu o considero homofóbico. Não precisa agredir fisicamente para ser homofóbico. Basta tratar como se fosse um doente ou algo que precisa ser evitado.
Assim como um católico pode tratar um evangélico como um desvirtuado, mesmo sem agredi-lo fisicamente. Assim como um espírita se julga mais evoluído espiritualmente que os não-espíritas, assim como um ateu acha que os evangélicos são alienados e pastores são ladrões... mesmo sem agredi-los fisicamente... Isso já configura o preconceito. No meu entender.
O pastor Feliciano, aparentemente, não é neutro o suficiente para presidir aquela comissão. O cargo exige alguém que consiga, pelo menos em grande parte, enxergar os homossexuais e os evangélicos como seres humanos de igual valor, e não um sendo certo e o outro errado.