paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 19/05/2017 - 14:27h
Giovanni_Menezes escreveu:
Como assim "não tinha nada demais" ?
Ai, ai... Vamos lá.
Eu acho que, num mundo ideal, o chefe de Estado deveria evitar conversas reservadas com qualquer pessoa? Acho. Mais ainda se essa pessoa é objeto de inquéritos? Sim. Mais ainda se essa pessoa estiver sendo processada após a conclusão desses inquéritos (acho não era o caso)? Sim.
Eu acho até que todo encontro de que participe um chefe de Estado deveria ser público? Sim.
Mas nós não estamos num mundo ideal. Homens que controlam literalmente bilhões de dólares (alguns dos quais saídos do Tesouro Nacional), que têm o poder de abalar o mercado com um espirro, frequentemente têm acesso direto ao mandatário de qualquer país.
Sendo assim, não é de estranhar, em primeiro lugar, que a conversa tenha existido. Segundo o Temer e segundo o próprio Joesley, o Joesley pediu uma audiência fora do Planalto, e teve atendido o pedido. (O Jaburu também é um lugar oficial da Presidência. Você acharia melhor que fossa na casa do Joesley?)
Deveria? No mundo ideal, não, mas nós não vivemos no mundo ideal. Poderia? Sim, poderia.
E o segundo ponto é que não tinha, mesmo, nada de mais na conversa -- ao menos não nas partes audíveis, nem nas transcrições que delas se fizeram.
O Chefe de estado é gravado em conversas na calada da noite com um réu,
Olha só que interessante: tudo o que se faz à noite, se não for do lado supostamente virtuoso da história, é “na calada da noite”. Falar desse jeito dá aquele ar de maldade. Só que não significa droga nenhuma, além de efeito para vender notícia morna como se fosse quente.
Eu mesmo prefiro trabalhar na calada (i.e. no silêncio) da noite do que no burburinho do dia. Gosto de dirigir com pistas vazias (calmas, quietas, caladas) em vez de de no congestionamento do dia. Até encontrar com meus amigos é algo que só posso fazer na (calada da) noite, uma vez que quase nunca consigo sequer chegar a casa antes das 20:00. Deve ser porque eu sou um cara mau.
Ah, e o Joesley não era, segundo suas próprias palavras na transcrição da conversa, réu, mas somente investigado.
falando sobre compra de silencio de outro réu que esta preso na maior naturalizade,
Eu ouvi o áudio várias vezes e li a transcrição na íntegra (exceto os pedaços inaudíveis). Não tem NADA ali que fale de compra de silêncio.
O que “tem” é quando se inserem naqueles momentos inaudíveis as coisas que ele diz na delação, que não foi feita na presença do Temer. Pode ter sido pura invenção. Não tem a voz do Temer.
A grande revelação contra o Temer está no que ninguém consegue entender. Logo, ninguém tem como contestar.
Também não tem como incriminar, rigorosamente falando, mas isso é um detalhe irrelevante. A presunção de inocência é coisa que já foi banida do Direito no Brasil faz tempo, assim como o “rigorosamente falando” -- a não ser que seja o rigor do acusador.
EM TEMPO (e eu não deveria ter de dizer isso, mas acaba sendo importante): Eu não sou a favor do Temer, e muito menos do PMDB ou de qualquer partido político brasileiro. Para mim, a questão é mais básica: quem defende exceções à Lei para o outro coloca uma corda em volta do próprio pescoço, pois ele pode ser o alvo da exceção de amanhã, a depender dos humores de quem estiver no poder. A alternativa para ter o pescoço preservado no regime de exceção é ficar calado no momento em que o clamor mudar de alvo. Gritar, só se for exclusivamente a favor de quem aperta a corda.