paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 19/05/2017 - 15:30h
listeiro_037 escreveu:
paulo1205 escreveu:
Enquanto os fins justificarem os meios, tudo sempre vai ficar essencialmente do jeito que é hoje.
E daí? Sou contra essas reformas como estão propostas. Daí haveria mais tempo para discussão e não essa apelação amoral supraliminar que o governo impõe pela mídia "oficial".
Leia de novo o que eu disse acima:
enquanto os fins justificarem os meios, tudo sempre vai ficar essencialmente do jeito que é hoje.
Porque você não gosta das reformas, vale a pena matar no tapetão? Então tá. Amanhã vai haver uma lei da qual você gostaria, mas que alguém vai matar no tapetão, e o seu vizinho vai aplaudir, porque ele é contra, mas vai justificar seu casuísmo dizendo que o tapetão dá mais tempo para a discussão.
Ou se ama totalmente a virtude ou se ama totalmente o vício. Quem pensa que pode alternar entre uma e o outro está comprometido com o outro.
E no caso específico das reformas que você não queria, há meios de ação alternativos à baderna: fale com seu deputado, junte-se a um grupo de pressão, participe de abaixo-assinados, filie-se a um partido, dispute eleições, use sua liberdade de expressão e de associação -- ao menos enquanto elas existem.
É lento? É. Mas
é bom que seja lento porque, do contrário, ficaríamos à mercê da vontade da hora de qualquer político mequetrefe.
Eu não sei quantos anos você tem. Eu tenho 42. O debate das reformas trabalhista e previdenciária (especialmente esta última) está posto desde o início da década de 1990, no mal-fadado governo do Collor. Por mais vícios que o governo Collor tivesse, em essência e em ações, ele tinha uma agenda modernizante que, se tivesse sido implantada, talvez tivesse feito diferença na nossa história. Mas o Collor caiu. O Itamar, seu vice, realizou outra reforma premente (a da moeda), mas, como era um governo de coalizão, não quis mexer em outra coisa espinhosa.
Veio FHC, que retomou o debate, mas não teve fôlego para colocá-lo em votação no início, e depois preferiu administrar a manutenção dos mandatos a ir para o embate com assuntos impopulares. A única micro-reforma foi o aparecimento do fator previdenciário (que o PT, na oposição, abominava).
Veio Lula, que sempre fora contra as reformas, e encontrou um mundo real bem diferente da Ilha da Fantasia de esquerda, e chegou a ensaiar passar a reforma da Previdência (a trabalhista, não, afinal o PT e a CUT são unha e carne). Mas veio o Mensalão, e a conveniência eleitoral falou mais alto. A promessa anterior de extinguir o FP não foi cumprida (felizmente!).
Veio Dilma. Ela sabia que era necessário reformar a Previdência. Tentou, mas não teve fôlego, só escândalos, e a necessidade de ganhar outra eleição. Então ela só passou a regra do 85-95, mas não mexeu para valer na bomba-relógio. Foi reeleita, mas caiu.
Veio Temer. Ele sempre disse que não tentaria a reeleição, o que seria um fator favorável a passar reformas impopulares. O Congresso, que o apoiava, votaria a favor -- não sem embates, como nós podíamos ver --, mas o dano político não ficaria com os parlamentares, mas sim com um presidente em fim de carreira política. Melhor oportunidade possível.
Foram, portanto, mais de 25 anos de debate. Muitas das cabeças envolvidas nesses debates são as mesmas, ainda que tenham trocado de partido, e muitas da cabeças novas estão nos mesmos partidos envolvidos no debate ao longo dos últimos 25 anos.
Falta de oportunidade de discussão, então, não se pode acusar. Pressa de aprovar, essa talvez, dada a circunstância até então favorável.
Só que o MPF se quer a nova chancelaria do Führer, o novo Politburo, e sai atropelando Planalto e Congresso Nacional, bem como tentando sequestrar o próprio Judiciário, a fim de aprovar sua própria agenda, que se quer virtuosa, sem ligar para aquilo de que o país realmente precisa.
E a passos largos vai o Brasil andando para trás. Com o aplauso de muitas vitimas do retrocesso.